Domingo, 19 de Maio de 2024

Home em foco Brasileiros na legião estrangeira ucraniana são acusados de dar pistas à Inteligência russa nas redes sociais

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As primeiras mensagens surgiram logo no início da invasão russa à Ucrânia, há pouco mais de um mês. Em grupos de WhatsApp que reúnem integrantes da comunidade russófona, brasileiros começaram a pedir informações sobre como se juntar às forças ucranianas no combate às tropas da Rússia.

O Ministério da Defesa ucraniano tinha acabado de anunciar a criação de uma legião internacional de resistência que nada tinha a ver com o movimento crescente no exterior que atraía doações e voluntários à fronteira para ajudar refugiados. O grupo é formado por estrangeiros que lutam uma guerra a milhares de quilômetros de casa, ao lado dos ucranianos. E brasileiros também estão lá.

Não há números oficiais, mas estima-se que cerca de cem brasileiros tenham se oferecido para integrar a legião internacional contra a ofensiva russa. O perfil é similar ao de combatentes de outras nacionalidades. São, em sua maioria, homens com histórico de carreira na polícia ou nas Forças Armadas.

Alguns saíram do Brasil, outros já residiam na Europa e se deslocaram para a Ucrânia. Mas o que tornou a presença dos brasileiros conhecida para além do círculo militar local foi a ação intensa também nas redes sociais, com postagens frequentes de fotos e vídeos do front.

Nas imagens, posam carregando ou montando armas pesadas, vestidos com uniforme militar com as bandeiras da Ucrânia e do Brasil. São usuais também referências aos “caveiras” do Bope ou à famosa música da “Tropa de Elite”.

Vídeos mostram a destruição de cidades ucranianas, tanques, transporte de armamento militar e alguma ação de campo, com barulhos de tiros e bombas ao fundo. Muitas vezes, as publicações são também acompanhadas de orações e outros textos de cunho religioso.

Em um dos vídeos recentes postados por um brasileiro, aparecem alguns combatentes escorados em árvores. Com o som de disparos e bombas, eles abaixam no chão cheio de folhas. A legenda: “19h de combate, infiltração em uma pequena vila de Kiev. Resumo: três blindados e inimigos destruídos”.

Elogios e críticas

Com o arrastar da guerra, não demorou para posts desse tipo viralizarem e os brasileiros ganharem milhares de seguidores. Só que ao lado de elogios e comentários de heroísmo surgiram críticas de que eles tinham ido à Ucrânia também caçar curtidas.

E que, com a intensidade de postagens, ainda estariam expondo informações sensíveis de localizações de tropas e bases. Afinal, se os posts eram acompanhados por tantos seguidores, nada impediria que também estivessem no feed da inteligência russa.

A polêmica cresceu com a série de ataques aéreos russos que causou dezenas de mortes há duas semanas em um centro de treinamento ucraniano na cidade de Lviv, no Oeste do país, perto da fronteira com a Polônia, que reunia integrantes da Legião estrangeira. Internautas de várias nacionalidades culparam os brasileiros pela ofensiva, atribuindo a precisão do ataque às publicações assíduas nas redes sociais.

“É incrível como são descuidados e estúpidos os ‘voluntários’ brasileiros na legião estrangeira. Outro mercenário, capturado anteriormente perto de Lviv, também mantém discretamente um perfil aberto no Instagram, deleitando frequentemente seus seguidores com novas histórias”, escreveu um internauta em inglês.

No post, esse mesmo internauta publicou fotos de um brasileiro com mais de 42 mil seguidores, que descreve no perfil ser integrante das forças estrangeiras da Ucrânia, bombeiro na Europa, policial penal e com passagem no Exército brasileiro.

Novas regras

Recentemente, a Legião afirmou que só vai aceitar estrangeiros com experiência em combate. Disse ainda que brasileiros, com ou sem experiência, não seriam mais aceitos. A informação veio de um grupo de 35 brasileiros que estavam de malas prontas para embarcar e que teriam sido informados, às vésperas, de que não seriam mais aceitos.

A Legião Internacional respondeu, também por meio de rede social, que não pode “comentar decisões administrativas nem números de recrutamento”.

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