Segunda-feira, 02 de Dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 16 de novembro de 2023
Há exatos seis anos, no dia 6 de novembro de 2017, os irmãos Ferreira Gomes posavam sorridentes, juntos, em uma fotografia de família: a ocasião era o aniversário de 60 anos do ex-ministro Ciro Gomes. Esta cena, contudo, não se repetiu neste ano, quando o clã não se reuniu ou dedicou felicitações a Ciro. Este racha entre os parentes ocorre por conta de uma disputa política travada com o senador Cid Gomes. Atualmente, os dois vivem o maior momento de tensão por discordarem sobre os rumos do PDT no Ceará. Além de alas internas no partido, os irmãos dividem a opinião dos integrantes de sua família, que também são nomes conhecidos da política cearense.
O último capítulo desta queda de braço ocorreu na noite desta terça-feira, quando 43 prefeitos ligados a Cid anunciaram suas desfiliações do partido. Entre eles, o chefe do Executivo de Sobral e irmão dos dois políticos, Ivo Gomes. Em seu segundo mandato na cidade, Ivo já havia deixado claro, em postagem em sua rede social, que seguiria os rumos do senador, que já deixou claro que não há clima para permanecer no PDT.
Este pronunciamento ocorreu dois dias após o encontro nacional da sigla no Rio de Janeiro que marcou, justamente, a escalada de tensão. Na ocasião, Cid e Ciro tiveram um debate acalorado e quase chegaram as vias de fato. O cerne da discussão entre os dois rondam o apoio ao PT: de um lado, Cid defende que o partido esteja ao lado do governador do estado, Elmano de Freitas, enquanto os ciristas preferem seguir pela oposição. Esta divergência data das eleições do ano passado, quando os cidistas se opuseram ao lançamento da candidatura do ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, que acabou em terceiro lugar na disputa.
Como resultado deste primeiro impasse, a ex-governadora Izolda Cela deixou a sigla, junto a outros dez prefeitos. Um ano depois, a briga permanece a mesma: Ciro se recusa a estar junto com o PT, o que Cid considera essencial por entender que o lulismo garantiria a ascensão do partido.
Ânimos exaltados
Em 2023, todavia, os ânimos se exaltaram. Com a posse de Carlos Lupi no Ministério da Previdência, o deputado André Figueiredo, aliado a Ciro, assumiu a Presidência do partido interinamente. Em julho, Cid costurou um acordo com Figueiredo para que pudesse estar à frente do diretório estadual no Ceará até o final deste ano.
Poucos dias após esta “vitória” do senador, uma disputa judicial foi iniciada entre os dois. Figueiredo já destituiu a Executiva do Ceará em mais de uma ocasião, o que foi reestabelecido pela Justiça via liminar. Incomodado com as sucessivas derrotas impostas pelo irmão, após o encontro no Rio, Cid concedeu cartas de anuência para integrantes de sua ala.
Além dos 43 prefeitos, na semana anterior, foi a vez de 18 deputados (cinco federais e 13 estaduais). Entre eles, a deputada estadual Lia Gomes, que também se aliou ao senador nesta disputa. Ex-secretária de Roberto Cláudio, a parlamentar esteve com os ciristas no ano passado, mas se uniu ao outro irmão devido ao comportamento de Figueiredo.
Em cima do muro
Além de Ivo e Lia, há um quinto irmão entre os Ferreira Gomes, Lúcio. Atualmente, ele ocupa a presidência da Companhia Docas do Ceará (CDC), acoplada ao Ministério da Infraestrutura e Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários. Recentemente, ele tem evitado comentar a crise entre Ciro e Cid. Ao jornal “Diário do Nordeste”, chegou a afirmar que não se trata de uma “briga familiar”.
No Ar: Pampa Na Tarde