Terça-feira, 05 de Agosto de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 5 de agosto de 2025
O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) denunciou à Justiça, nessa segunda-feira (4), o soldado da Brigada Militar (BM) filmado ao executar a tiros um suspeito já rendido e algemado com os braços para trás, no dia 4 de março, em trecho da rodovia federal BR-285 próximo ao município de Bom Jesus (Nordeste gaúcho). A acusação é de homicídio qualificado.
A denúncia incluiu pedido de indenização mínima de 50 salários-mínimos aos familiares da vítima, como forma de reparação pelos danos causados.
De acordo com os promotores responsáveis pelo caso, Geovane Matias Maciel foi morto com dolo (intenção) por parte do policial e mediante recurso que dificultou sua defesa da vítima, após abordagem policiail. Os tiros atingiram cabeça e tórax da vítima, causando hemorragia interna fatal. “Caracterizou-se uma execução sumária”, diz o MPRS.
O caso repercutiu nacionalmente após a divulgação de um vídeo nas redes sociais, mostrando Geovane algemado e imobilizado no momento em que foi alvejado. A gravação, realizada por uma testemunha anônima e que encaminhou o registro às autoridades em junho, foi considerada peça-chave para a mudança nos rumos da investigação.
O incidente
A vítima tinha 19 anos e estava no banco de trás de um automóvel de transporte por meio de aplicativo, quando o motorista recebeu ordem para encostar o carro, durante uma blitz. Os policiais então constataram no sistema que o rapaz tinha contra si uma ordem de prisão por ter ateado fogo à casa da namorada.
A Polícia investiga o que ocorreu entre a abordagem e o desfecho fatal. O vídeo registrado pela testemunha mostra um dos soldados disparando duas vezes contra o suspeito. Um dos tiros foi desferido com a vítima já caída – a autópsia revelaria outras duas perfurações a balam, realizadas antes dos tiros filmados.
O caso era tratado pela Corregedoria da BM com base no relato dos policiais, mas sofreu reviravolta em junho, quando chegou ao MPRS a gravação feita pela testemunha. A expectativa é de que o laudo final seja concluído até agosto – ainda faltam itens como a conclusão da análise balística.
Prisão preventiva
No dia 10 de julho, a Polícia Civil cumpriu ordem de prisão preventiva contra o autor dos tiros, que permenece sob essa condição desde então. Ele tem 32 anos e já estava com sua atividade restrita a expediente interno pela Corregedoria da corporação desde que passou a ser alvo de inquérito.
Ele foi encontrado em casa e conduzido a uma Delegacia no município de Vacaria, onde preferiu ficar em silêncio durante o interrogatório, antes do encaminhanento a uma cela em cadeia especial para policiais.
“(…) A prisão preventiva é a única medida proporcional à gravidade do fato, além de necessária para garantir a lisura do processo diante da periculosidade do investigado e de sua disposição em fraudar a apuração”, explicou na ocasião o MPRS.
O advogado de defesa do brigadiano, entretanto, manifestou-se contra a medida, sob o argumento de que o investigado não tentou obstruir a investigação.
Outros três brigadianos gravados durante o incidente também permanecem afastados do trabalho de policiamento. Todos são homens e não tiveram seus nomes divulgados. Além do homicídio, pesa contra o grupo a acusação de fraude processual, por terem mentido no boletim de ocorrência para simular legítima defesa dos PMs.
(Marcello Campos)
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