Quinta-feira, 11 de Dezembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 10 de dezembro de 2025
Após extensa negociação do governo, a Câmara dos Deputados trocou a cassação pela suspensão do mandato do deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) por seis meses nesta quarta-feira (10). Ele é acusado de agredir com chutes Gabriel Costenaro – à época integrante do Movimento Brasil Livre (MBL) – dentro das dependências da Casa no ano passado.
Foram 318 votos pela suspensão de seis meses e 141 contra, além de três abstenções.
Glauber afirma que agiu daquela forma por Costenaro, segundo ele, fazer insinuações sobre a mãe dele, a ex-prefeita de Nova Friburgo Saudade Braga, que na época estava doente. Ela morreu 22 dias após o incidente.
Substituirá Glauber, durante o semestre, a ex-senadora Heloísa Helena (Rede-RJ).
A movimentação de troca de penas foi encabeçada pelo líder do governo, José Guimarães (PT-CE), que trabalhou para convencer os demais parlamentares recuarem da decisão de derrubar de vez o mandato de Glauber.
Lideranças do PSOL dizem que as negociações por um texto alternativo se alongaram pela manhã. Parlamentares da sigla relatam que há um certo desconforto do Centrão em aprovar essa cassação.
“Essa é a saída política, responsável, que fortalece o Parlamento”, afirmou o deputado Alencar Santana (PT-SP), vice-líder do governo.
O deputado Zé Trovão (PL-SC) acusou o secretário especial de assuntos parlamentares, André Ceciliano, de telefonar para deputados oferecendo emendas para impedir a cassação de Glauber. “Isso é uma injúria”, respondeu o governista Hildo Rocha (MDB-MA), que ameaçou apresentar representação contra Trovão no Conselho de Ética.
Ceciliano disse que ligou para deputados pedindo para votarem contra a cassação de Glauber, mas não mencionou emendas.
Mais cedo, Glauber dava como certa a cassação e acusou os ex-presidentes da Câmara Arthur Lira (PP-AL) e Eduardo Cunha (Republicanos-RJ) e o presidente do PP, Ciro Nogueira (PP-PI) como outros articuladores da sua queda política.
Na véspera da decisão do plenário da Câmara, Glauber ocupou a cadeira do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), e foi retirado à força pela Polícia Legislativa.
Glauber discursou por 25 minutos em defesa do seu mandato. “Sobre o que aconteceu, eu confesso para os senhores e senhoras: para defender a minha família, eu sou capaz de muito mais”, afirmou. “Para defender a minha família, um chute na bunda é nada.”
Todas as principais movimentações do processo ocorreram neste ano. Glauber chegou a fazer uma greve de fome em abril, logo após o Conselho de Ética aprovar a sua cassação. Ele ocupou um plenário de comissão e fazia apenas a ingestão de água, soro fisiológico e isotônico durante a greve, que durou nove dias.
A greve foi encerrada após um acordo com Motta, que prometeu que votaria a cassação apenas no segundo semestre deste ano.
Kim Kataguiri (União-SP), integrante do MBL, pediu pela cassação de Glauber. “Se a gente vai normalizar dar um chute em outra pessoa, essa será a nova regra?”, questionou. “Ele (Glauber) transformou todo o processo de cassação em palanque político.” Depois, mudou o posicionamento, e se pronunciou favoravelmente à suspensão por seis meses.
(Com informações do O Estado de S.Paulo)