Quarta-feira, 06 de Agosto de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 6 de agosto de 2025
A deputada federal Carla Zambelli articula, por meio de sua defesa, uma tentativa de se beneficiar da chamada Lei Magnitsky, dos Estados Unidos, para driblar a própria extradição da Itália. A deputada foi condenada no Supremo Tribunal Federal (STF) por invadir os sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
A estratégia de Zambelli, segundo integrantes do Partido Liberal (PL) é alegar à Justiça italiana que a condenação no Brasil foi conduzida por um juiz que foi enquadrado na lei Magnitsky.
O objetivo é alegar ter havido perseguição política e, com isso, tentar cumprir a pena na Itália, onde Zambelli está presa. O plano ganhou fôlego após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sancionar o ministro Alexandre de Moraes, que conduziu o caso. Moraes foi incluído na Magnitsky após articulação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em retaliação ao magistrado que conduz o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado.
O também ministro do STF, Gilmar Mendes, determinou, na última semana, que a Advocacia-Geral da União inclua no pedido de extradição de Zambelli o caso da perseguição armada por parte da parlamentar na véspera do segundo turno das eleições de 2022.
No PL, a avaliação é de que Zambelli não tem mais saída nem na Câmara, onde enfrenta processo de cassação, nem no Judiciário. Parte da bancada já considera o caso encerrado.
Defesa
A defesa da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), presa na Itália, divulgou uma carta escrita à mão por ela com referência ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), como “um ditador”. No documento, ela também diz que tem mantido “a consciência tranquila de quem é inocente”.
A parlamentar foi detida por agentes da Interpol na semana passada, após passar dois meses foragida no exterior. Ela estava com o mandado de prisão em aberto no Brasil, emitido por Moraes, depois ser condenada a dez anos de prisão pela invasão hacker do sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça.
“Quero me pronunciar e dizer que estou sendo ‘forte e corajosa’, mantenho a fé e a cabeça erguida, uma consciência tranquila de alguém inocente”, ela escreveu. A deputada disse, em seguida, que “o Brasil é um país abençoado” e acrescentou que “nenhum ditador nos colocará de joelhos”. Ela encerrou o documento com uma citação bíblica que diz “tudo posso naquele que me fortalece”.
Ela foi detida na última terça-feira em um apartamento em Roma e passou por uma audiência de custódia na sexta-feira, que manteve a prisão. A deputada permanece reclusa na penitenciária feminina de Rebibbia, na periferia da capital italiana.
Presa em território italiano, ela poderá enfrentar um longo e complexo processo de extradição. Após a audiência de custódia na sexta-feira, o processo segue agora para a Corte de Apelação de Roma, onde a Justiça italiana e os advogados de Zambelli apresentarão seus argumentos. A decisão ainda pode ser contestada na Corte de Cassação, instância máxima do Judiciário italiano.
Mesmo com aval do Judiciário, a palavra final cabe ao Ministério da Justiça da Itália, que pode negar a extradição por motivos políticos. O atual governo italiano, liderado por Giorgia Meloni, tem afinidade ideológica com setores da base de apoio de Zambelli, o que pode pesar na análise final do caso. Em caso de autorização da extradição, a defesa ainda poderá recorrer à Justiça administrativa, em instâncias como o Tribunal Administrativo Regional e o Conselho de Estado.
Especialistas avaliam que o processo pode se estender por até dois anos, embora exista a possibilidade de Zambelli ser solta antes, especialmente se houver entraves de natureza política.
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