Domingo, 02 de Novembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 1 de novembro de 2025
Mais e mais pessoas estão optando por um veículo elétrico atualmente, mas muitos ainda tem dúvidas sobre adentrar este universo automotivo. Pensando nisso, separamos alguns tópicos a respeito do mundo do carro movido a bateria, para ajudar aqueles interessados na primeira compra.
Um dos principais motivos de preocupação, e para alguns até um temor (se tratando de um usado, por exemplo) é a bateria. Modelos elétricos puros (BEV) são movidos inteiramente por elas, então dependem de peças que podem perder eficiência com o tempo. Na opinião de Clemente Gauer, Diretor e membro do conselho da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), ter a bateria como um “inimigo” é coisa do passado.
“O maior medo de todos, a bateria, deixou de ser um problema. Sua longevidade costuma superar uma década de uso intenso, superando motores e transmissões dos a combustão. As montadoras oferecem, no mínimo, 8 anos ou 160 mil km de garantia contra degradação e defeitos — um evidente sinal de que a vida útil real vai além; estudos de Stanford e relatos de proprietários (inclusive dos primeiros Teslas) indicam até 20 anos”, afirma.
Entretanto, “nem tudo são flores”, diz o diretor. Quem busca por um modelo elétrico, algo que já é realidade, alguns cuidados são importantes. “Ao comprar um elétrico usado, verifique as revisões e peça um laudo de saúde da bateria (SoH) se o carro tiver mais de 8 anos ou cerca de 300 mil km”, conclui.
Pontos de recarga
Diretamente ligado à bateria e fatores como a própria maneira como se dirige, a autonomia de um carro elétrico é outro fator que pode assustar. Segundo Carlos Augusto Serra Roma, diretor técnico da ABVE, considerar vantagens como a praticidade da recarga em casa (quando se tem um wallbox/eletroposto), o menor preço de reabastecimento e a chance nula de adulteração do “combustível”, dificilmente se decide voltar para a combustão.
Contudo, nem tudo no universo elétrico é colorido. Para o futuro proprietário de um elétrico que more em um prédio, às vezes a obtenção de um wallbox pode ser um problema. Há casos, como em São Paulo, onde as exigências do Corpo de Bombeiros praticamente inviabilizam a instalação do aparelho de recarga, por exemplo.
Além disso, outra preocupação é a malha de recarga pública. Carlos Augusto comenta que, apesar da lenta melhora, a situação desse quesito está melhorando. “Hoje, o país conta com cerca de 16 mil pontos públicos e semipúblicos de recarga, distribuídos em quase 1.500 municípios. Desse total, a maioria ainda é de recarga lenta (AC), mas a boa notícia é que o número de carregadores rápidos (DC) vem aumentando rapidamente, e será justamente essa infraestrutura de alta potência nas rodovias que mais crescerá nos próximos anos, viabilizando viagens longas e conectando regiões do país”, afirma.
Por fim, o diretor explica que há uma solução para aqueles que desejam algum nível de eletrificação, sem necessariamente viver a completa experiência elétrica. “Para quem ainda sente insegurança em dar o salto direto para o elétrico puro, os híbridos plug-in (PHEV) são uma excelente ponte: combinam os dois mundos, você pode rodar no modo 100% elétrico na cidade, e no modo híbrido se viajar para longe”, conclui.
Custo de manutenção
Embora elétricos tenham a vantagem de possuírem menos partes móveis do que seu “rival” a combustão, o custo de peças e a falta de profissionais qualificados, ainda mais fora dos concessionários, podem ser problemas consideráveis.
“Os veículos 100% elétricos (BEV) costumam ter manutenção preventiva cerca de 15% mais barata do que os modelos a combustão (ICE), já que possuem menos componentes — não há troca de óleo, filtros ou velas, por exemplo. No entanto, apesar dessa economia, os elétricos ainda enfrentam desafios estruturais relevantes, como a dificuldade de encontrar peças e redes de atendimento na reposição independente. Em contrapartida, os motores a combustão contam com uma ampla rede de assistência, composta por mais de 101 mil oficinas mecânicas espalhadas pelo Brasil”, explica Danilo Fraga, da Fraga Consultoria.
Entretanto, a coisa muda de figura quando se fala em manutenção corretiva, por exemplo. “Nesse ponto, os custos dos elétricos se tornam muito mais elevados: a bateria de alta voltagem pode custar entre R$ 23 mil e R$ 65 mil, com vida útil estimada em cerca de 15 anos. Já um motor a combustão pode ser retificado por valores entre R$ 2,5 mil e R$ 12 mil e tende a durar até 20 anos. Assim, embora o carro elétrico proporcione economia anual na manutenção preventiva, uma eventual troca da bateria pode anular rapidamente essa vantagem, representando um custo de reparo expressivo para o consumidor”, conclui o consultor. (As informações são de O Estado de S. Paulo)