Terça-feira, 15 de Julho de 2025

Home Porto Alegre “Cattleya intermedia aquinii” passa a ser a flor símbolo de Porto Alegre

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Em meio a debates sobre temas complexos, a Câmara de Vereadores de Porto Alegre aprovou um projeto de autoria da presidente da Casa, vereadora comandante Nádia (PL), que institui como flor símbolo do município a orquídea nativa da espécie Cattleya intermedia var. aquinii.

O projeto buscou referências históricas que reforçam a relação da orquídea com a capital gaúcha. Preservada por orquidófilos do estado, a planta tem cerca de 150 anos de cultivo.

Histórico da flor

Na justificativa da proposta, são apresentados dados históricos. “Fundada em 26 de março de 1772 e localizada às margens do lago Guaíba, a cidade de Porto Alegre foi agraciada com a existência de inúmeras orquídeas nativas, encontradas nas matas e ilhas do lago”, informa o texto.

A Cattleya intermedia é considerada a mais conhecida e importante dessas orquídeas nativas. Muito apreciada, era coletada e vendida presa aos galhos onde nascia.

O cultivo da espécie começou a ser documentado em 1824, quando as primeiras plantas foram levadas ao Reino Unido pelo capitão Graham, do Royal Packet Service, para o Jardim Botânico de Glasgow, na Escócia. A flor foi então descrita como Cattleya intermedia, em referência ao tamanho intermediário das suas flores, comparadas às demais do mesmo gênero conhecidas na época.

Por volta de 1874, uma planta com características diferenciadas floresceu no jardim do senhor Antônio Joaquim da Silva Valladares, residente na rua Clara (hoje General Vitorino), em Porto Alegre. De origem portuguesa, Valladares costumava adquirir, todos os anos, durante a primavera, galhos com Cattleya intermedia em flor, coletados por mateiros das ilhas próximas à capital.

Ao passar diante da residência, o também lusitano Francisco d’Aquino, observador da flora local, notou um galho recém-cortado, coberto de flores. Entre elas, uma orquídea chamou sua atenção por apresentar características únicas – três sépalas e três labelos, algo incomum na espécie.

Curioso, Aquino procurou Valladares e, após observar a planta de perto, convenceu-se de que se tratava de uma nova variedade. Foi presenteado com a orquídea inteira. O episódio é lembrado como um exemplo de descoberta casual que alterou a história de uma espécie. Caso não tivesse sido percebida, a planta seria descartada com o fim da floração.

Anos depois, Aquino presenteou um exemplar ao amigo Thomaz de Oliveira e Silva, do Rio de Janeiro. Encantado com a flor, Thomaz a apresentou ao botânico João Barbosa Rodrigues, então diretor do Jardim Botânico da cidade. Em 1891, Barbosa Rodrigues descreveu a planta em seu fascículo “Plantas Novas Cultivadas no Jardim Botânico do Rio de Janeiro”, nomeando-a inicialmente como Cattleya aquinii, em homenagem ao descobridor.

Mais tarde, Barbosa Rodrigues enviou material da planta à Inglaterra para que o renomado orquidologista John Lindley realizasse a descrição definitiva. Em 1900, a flor foi oficialmente classificada na publicação Gardener’s Chronicle como Cattleya intermedia R. Graham ex. Hooker var. aquinii Lindley.

Em 1949, ano da fundação do Círculo Gaúcho de Orquidófilos, a Cattleya intermedia var. aquinii foi escolhida como planta símbolo da entidade. Hoje, ela ainda sobrevive em poucos exemplares, cuidadosamente preservados por orquidófilos gaúchos, com aproximadamente 150 anos de cultivo.

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