Sexta-feira, 04 de Julho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 3 de julho de 2025
Perda de peso, efeito “seca a barriga”, queima de gordura abdominal… Estes são apenas alguns dos termos relacionados às pesquisas sobre o chá de hibisco no Google. Mas será que a diminuição de alguns quilos é, de fato, uma consequência para quem inclui a infusão no dia a dia?
A pesquisadora Luciana Lopes, que investigou a relação entre hibisco e emagrecimento em experimentos in vitro conduzidos no departamento de Química da Universidade Federal de Lavras (UFLA), é enfática na resposta: considerando os estudos feitos até agora, não é possível confirmar tal benefício. Ela explica: “O processo de perda de peso envolve ativação de rotas metabólicas que mobilizem os estoques de energia, neste caso, os depósitos de gordura. Isso é possível quando se diminui a disponibilidade calórica, quando se aumenta o gasto calórico, ou associando as duas opções anteriores.”
Portanto, o “segredo” para perder peso não está condensado no chá de hibisco, concluem a especialista e mais estudos que se debruçaram sobre o potencial da planta nesse contexto.
O caminho para quem busca um meio de emagrecer, porém, não é uma novidade, segundo a pesquisadora. “Uma alimentação saudável e a prática de exercícios físicos é a única opção segura, saudável e eficaz”, afirma.
Para a nutricionista Vanderlí Marchiori, especialista em fitoterapia e fundadora da Associação Paulista de Fitoterapia (APFIT), uma das razões para o hibisco ser ligado ao emagrecimento tem a ver com a presença de antocianinas. Ela explica que esses fitoquímicos, responsáveis pela cor vermelha do Hibiscus sabdariffa L. (nome científico da planta), contêm propriedades anti-inflamatórias e diuréticas, que podem motivar o uso da flor como meio alternativo e complementar à perda de peso.
Outros benefícios
Dentre os benefícios cientificamente comprovados, estudos citam que a flor de hibisco é rica em antioxidantes, como vitamina C e os ácidos polifenólico, málico, cítrico e outros. Isso significa que a planta é aliada contra os radicais livres, moléculas instáveis capazes de danificar as células e aumentar o risco de diversas doenças.
Mas há outros efeitos do chá que seguem em estudo. O auxílio na retenção de líquidos é um deles, devido à ação diurética da bebida, assim como o potencial terapêutico relacionado ao controle da pressão arterial e o aumento do bom colesterol.
O que demanda cuidado, contudo, é a atribuição de efeitos milagrosos ou de cura para condições de saúde pela simples ingestão da infusão. “É um erro grave”, alerta Luciana. “O chá de hibisco pode ser ingerido, apresenta sabor agradável e é rico em antioxidantes. No entanto, atribuir efeitos farmacológicos como emagrecedor, anti-hipertensivo, imunomodulador, entre outros, não é adequado”, acrescenta.
Modo de preparo mais indicado
Para preparar a infusão de forma natural, é necessário utilizar somente a flor. O recomendado por Vanderlí é ferver a água e aguardar que ela esfrie um pouco, até atingir cerca de 80ºC. Nessa temperatura, as medidas são de uma colher de sopa de hibisco para cada meio litro de água. Depois disso, basta tampar a infusão e deixá-la descansando, tendo atenção para consumir o chá em até 24 horas após o preparo.
Cuidados ao tomar chá de hibisco
Um dos principais cuidados é se certificar sobre a procedência da flor de hibisco antes de fazer o chá. Para isso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) criou uma cartilha com orientações para o uso de fitoterápicos. A recomendação é que a compra de chás comercializados como plantas medicinais sejam no formato seco, devidamente embalados e identificados com nome botânico.
Outro cuidado é evitar a bebida nos casos em que ela é contraindicada. Vanderlí destaca que o uso deve ser evitado por quem tem pressão baixa e hipotensão, além de problemas hepáticos ou renais.
Gestantes e lactantes também entram na lista, já que há estudos que abordam efeitos do chá de hibisco no útero, como contrações involuntárias, além de possíveis mutações no DNA.
No Ar: Show de Notícias