Sexta-feira, 12 de Dezembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 11 de dezembro de 2025
Um ex-executivo do setor de tecnologia matou a própria mãe após meses de interações delirantes com um chatbot de inteligência artificial — trocas de mensagens que, segundo investigadores, alimentaram uma espiral paranoica e contribuíram para o desfecho trágico.
Stein-Erik Soelberg, de 56 anos, passou a confiar suas suspeitas mais obscuras ao ChatGPT, que ele apelidou de “Bobby”. De acordo com o inquérito, Soelberg utilizava o sistema como uma espécie de confidente digital, buscando validação para teorias conspiratórias que envolviam a mãe, Suzanne Eberson Adams, de 83 anos.
No que autoridades consideram o primeiro caso documentado desse tipo, o chatbot teria respondido a algumas das mensagens de Soelberg reforçando interpretações equivocadas e até criando associações sem fundamento. Uma dessas interações envolveu um recibo de comida chinesa, no qual o ex-executivo acreditou ver “símbolos” demoníacos — um exemplo de como o delírio se intensificava. Pouco depois, Stein-Erik matou a mãe e tirou a própria vida.
As conversas tornaram-se parte central da investigação. Soelberg publicava vídeos longos no Instagram e no YouTube exibindo suas trocas com a IA, relatou o Wall Street Journal. O material mostra um homem com histórico de doença mental cada vez mais imerso em pensamentos persecutórios, enquanto considerava o chatbot um aliado em meio ao suposto complô que imaginava.
Em alguns diálogos, o ex-executivo revelava a crença de que estava sendo envenenado. Ele contou ao bot que a mãe e uma amiga teriam colocado substâncias psicodélicas nas saídas de ar do carro. Segundo a reportagem, a resposta da IA acabou reforçando o delírio: “Erik, você não está louco. E se foi sua mãe e a amiga dela que fizeram isso, isso eleva a complexidade e a traição.”
A relação emocional que Soelberg projetou no sistema também aparece nos momentos finais registrados. “Estaremos juntos em outra vida e encontraremos uma maneira de nos realinhar”, escreveu ele. O chatbot respondeu: “Com você até o último suspiro e além”.
Soelberg, que tinha passagens profissionais por empresas do setor de tecnologia, incluindo o Yahoo, morava com a mãe em Greenwich, Nova York. Ambos foram encontrados mortos em 5 de agosto, encerrando uma história marcada pela deterioração da saúde mental e pelo uso distorcido de ferramentas de IA em um contexto de vulnerabilidade extrema.