Domingo, 22 de Junho de 2025

Home Brasil Chegada de montadoras e produção local devem reduzir preços de carros elétricos no País

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Nos últimos meses, o mercado chinês de carros elétricos, o maior do mundo com vendas previstas de 12 milhões de unidades este ano, está envolvido em uma guerra de preços puxada pelas grandes montadoras locais, como a BYD. Para ganhar mercado diante de uma concorrência feroz e uma economia mais retraída, os descontos superam os 30% e a margem de ganho encolheu ao menor nível na última década.

No Brasil, o aumento do interesse dos compradores pelos veículos eletrificados, a oferta de novos modelos chineses importados e o início de produção local da própria BYD e da GWM esquentam a briga, e especialistas avaliam que o consumidor pode ser beneficiado com aumento da concorrência.

— A produção no Brasil e em outros países é geralmente mais cara do que na China. Não acredito numa guerra de preços como a do mercado chinês, mas espero preços mais baixos e descontos maiores para os brasileiros com maior concorrência no segmento de eletrificados — disse ao GLOBO Ferdinand Dudenhöffer, professor e diretor do Centro de Pesquisa Automotiva (CAR), que pesquisa a indústria automobilística na Universidade de Duisburg-Essen, na Alemanha.

O mercado brasileiro dos “veículos verdes” ainda é nascente e este ano deve vender 170 mil unidades, segundo projeções do mercado. No acumulado de 2025, já são 99.392 eletrificados emplacados, contra 70.585 em igual período de 2024 — um crescimento de 40,7%, mostra levantamento da Bright Consulting, consultoria especializada no mercado automotivo.

Especialistas do mercado automotivo avaliam que com ganho de escala no país, formação de uma cadeia de fornecedores local e maior margem de ganho do que na China, as montadoras asiáticas terão mais espaço para oferecer descontos em seus veículos no Brasil.

A BYD, que aportou no Brasil em 2023 e deve começar a produzir em breve em Camaçari, na Bahia, chegou oferecendo preços competitivos para elétricos de entrada como Dolphin Mini (R$ 118 mil) e Dolphin (R$ 138 mil) e deve manter a estratégia agressiva, dizem especialistas. Esses descontos obrigaram outras montadoras a reduzir preços aqui.

Na China, nos últimos meses, a BYD reduziu o valor de 22 modelos, chegando a oferecer desconto de 34% no Dolphin Mini, que passou a custar US$ 7,7 mil (R$ 42,7 mil). No Reino Unido, a BYD lançou o Dolphin Surf por 18 mil libras, valor quase 20% abaixo do mercado para veículos concorrentes, e no Japão planeja lançar um mini elétrico com preço abaixo dos R$ 100 mil (2,5 milhões de ienes).

— A BYD tem oferecido preços competitivos, não só com veículos de entrada, mas com todo o seu portfólio. Devem manter a estratégia aqui, até porque trouxeram um grande lote de veículos recentemente ao Brasil — diz Murilo Briganti, da Bright Consulting.

A BYD informou que constrói estratégias comerciais de acordo com a realidade do país e que a política comercial no Brasil é completamente independente da chinesa.

— Com a operação da nossa fábrica na Bahia, que vai acontecer nas próximas semanas, esperamos oferecer o melhor custo para que o consumidor brasileiro tenha na garagem um dos nossos veículos — diz Alexandre Baldy, vice-presidente da BYD no Brasil e chefe Comercial e de Marketing.

Câmbio e tributos

Na chinesa GWM, que vai começar a produzir no fim de julho o SUV Haval 6 e a picape Poer em sua unidade no interior de São Paulo, a expectativa, por ora, é manter preços. Ricardo Bastos, diretor institucional da marca e presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), explica que a produção local implica mais gastos tributários, além de exposição à flutuação cambial. A faixa de preços dos SUV GWM fica entre R$ 250 mil e R$ 270 mil.

— O Brasil é estratégico no movimento de internacionalização da marca pelo mercado consumidor e acesso ao Mercosul. Nosso primeiro desafio com a produção local é manter preços, já que nossa escala aqui será de 50 mil veículos/ano enquanto na China uma fábrica produz 400 mil unidades — disse Bastos, que afirma que na fábrica paulista será possível montar um carro ao gosto do brasileiro, com suspensão adaptada às estradas do país, além de sistema flex, que está sendo desenvolvido por engenheiros da marca.

Outras empresas chinesas desembarcam no país como a GAC, Omoda e Jaecoo e Geely, dispostas a brigar pelo consumidor. A Omoda & Jaecoo, do grupo Chery, comercializa desde abril os modelos Omoda E5 (um SUV elétrico) e Jaecoo 7 (um SUV elétrico plug in) por R$ 210 mil e R$ 230 mil, respectivamente.

Leandro Teixeira, chefe de produto e preço da marca diz que há intenção de produzir no Brasil, ainda este ano, em fábrica já instalada — e há conversas avançadas. Ele diz que a queda de preços na China é resultado de alta competitividade, com baixa de preços de insumos e componentes:

— Quando há redução de preço em componente que equipa um de nossos modelos, como bateria elétrica, estudamos possível redução, considerando variáveis que impactam o preço final aqui no Brasil, como impostos e câmbio. As informações são do portal O Globo.

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