Domingo, 09 de Novembro de 2025

Home Colunistas Chegar a Belém para a COP30 foi como aterrissar num sonho: rios, floresta, reencontros e esperança. A COP30 é mais que um evento — é um chamado à ação e à reconexão com o planeta

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Belém me recebeu com os braços abertos e o coração pulsando pelo futuro. Ao sobrevoar a cidade, a visão aérea dos rios serpenteando pela floresta amazônica me emocionou profundamente. Era como se a natureza estivesse me dando as boas-vindas.

Ao chegar, fui acolhido na casa do meu amigo Claitom, com quem compartilhei risos, lembranças e sonhos da juventude. Relembramos nossas aventuras e desventuras de infância e adolescência, como se o tempo tivesse voltado só para nós.

O voo até aqui já foi um prelúdio da diversidade e da energia da COP30. Um Boeing 737 Max 8 lotado com 186 passageiros, a maioria estrangeiros, refletia o interesse global por este momento histórico. Ao meu lado, uma francesa que não falava francês e pouco inglês — um enigma linguístico que me fez sorrir.

No banco da frente, o prefeito de Florianópolis e um especialista em desastres naturais, cuja história infelizmente não consegui captar. Na fila do embarque, conheci Thais, uma engenheira florestal mineira envolvida com créditos de carbono e transição energética. Cada encontro foi um lembrete de que estamos todos conectados por um propósito maior.

A COP30 é isso: encontros, diversidade, ação. E é exatamente esse espírito que o embaixador André Corrêa do Lago vem cultivando em suas Cartas da Presidência — documentos públicos e multilíngues, inclusive em guarani, que orientam os rumos da conferência. A décima e última carta, divulgada às vésperas do evento, convoca a humanidade a transformar Belém em um “ciclo de ação” contra a crise climática. É um chamado à coragem, à cooperação e à responsabilidade intergeracional.

Governos subnacionais, como estados e municípios, também têm protagonismo. São eles que implementam políticas públicas no dia a dia das pessoas, e sua presença na COP30 mostra que a transformação climática começa nas comunidades. A pluralidade de eventos — da iniciativa privada, dos governos e da sociedade civil — reforça essa sinergia.

Minha primeira missão foi me ambientar com o Pará e me encantar com a beleza e a preparação da cidade. Mesmo com o sono atrasado, fui conhecer o projeto JAQ Hidrogênio, uma embarcação sustentável movida a hidrogênio verde, lançada pelo Grupo Náutica em parceria com Itaipu ParqueTec e o Ministério do Turismo.

Ela ficará ancorada na Escadinha do Cais do Porto, na Estação das Docas, como símbolo da descarbonização do transporte marítimo. Como ativista da transição energética e desenvolvedor de negócios sustentáveis, ver esse projeto ganhar vida foi profundamente emocionante.

Mais do que uma vitrine tecnológica, a embarcação será usada para fins científicos e educacionais, promovendo estudos sobre mobilidade limpa, eficiência energética e inovação em combustíveis verdes. É um legado que permanecerá para além da COP30.

Infelizmente, vivemos tempos de polarização política, em que parte da sociedade torce contra iniciativas como esta, como se o fracasso ambiental fosse uma vitória ideológica. Essa postura revela uma fragmentação perigosa, onde o debate público é substituído por disputas identitárias e negacionismo climático. Mas precisamos superar isso. A sustentabilidade não tem partido — é uma causa universal.

A COP30 é um marco. É a chance de mostrar que o Brasil, e especialmente o Pará, pode liderar com sabedoria, beleza e coragem. Estou aqui com o coração cheio de gratidão e esperança. Que este encontro seja lembrado como o momento em que escolhemos agir, juntos, por um planeta melhor.

Pará é tudo de bom. E a COP30 é o começo de um novo tempo.

Renato Zimmermann é desenvolvedor de Negócios Sustentáveis e Ativista da Transição Energética.

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