Quinta-feira, 03 de Julho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 19 de dezembro de 2021
Após um ano paralisadas em razão da Covid-19, as atividades de cientistas brasileiros na Antártida foram retomadas de forma produtiva neste verão austral. As primeiras equipes de cientistas que atuaram na temporada atual da Estação Antártica Comandante Ferraz começam a retornar agora ao Brasil, dando lugar a outras que devem ficar pelo restante do período.
Entre trabalhos realizados recentemente, estiveram a instalação de uma estação meteorológica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), coleta e análises de material biológico em um laboratório recém-inaugurado pela Fiocruz e a instalação de um módulo com uma antena para estudar a ionosfera, projeto liderado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) que estava parado desde 2012, quando a estação se incendiou.
Além de uma equipe da própria Fiocruz, dois grupos de pesquisa do Distrito Federal — um da Universidade de Brasília e outro da Universidade Católica de Brasília — coletam amostras de solo, água e microrganismos, para pesquisas ecológicas e de bioprospecção (busca de moléculas com interesse farmacológico e de aplicação bioquímica).
A retomada dos trabalhos científicos levou sete anos, mas ocorreu só por uma temporada no período 2019/2020, com a reinauguração das novas estruturas de Ferraz. A expectativa de voltar com força total no verão seguinte foi um anticlímax, com a expedição científica de 2020/2021 sendo frustrada pela pandemia.
No novo retorno, para o período 2021/2022, pesquisadores mostram muito entusiasmo, mas o tempo necessário para as expedições aumentou muito, pois os bloqueios sanitários impedem viagens de avião com escala no Chile, que levavam de dois a três dias.
Agora, a única alternativa é ir de navio, uma viagem que dura quase um mês, contando uma semana de quarentena que os pesquisadores e marinheiros são obrigados a cumprir ancorados no Rio de Janeiro.
Nesta temporada, a divisão da Marinha que comanda o Proantar (Programa Antártico Brasileiro) não permitiu que a estação Ferraz recebesse visita de turistas nem de jornalistas, para que o protocolo de isolamento não fosse comprometido.
Vento bravo
Alguns pesquisadores via internet aguardavam o tempo melhorar para trabalhar em campo. “Aqui nossa rotina depende muito do tempo, e o tempo muda muito rápido. Quando o vento está muito forte, por exemplo, a gente não pode sair, por segurança”, conta Maithê Magalhães, do Fioantar, programa da Fiocruz na Antártida. “Nos dias em que as condições não estão favoráveis para a gente fazer coleta em campo, ficamos no laboratório, organizamos a pesquisa e trabalhamos analisando material já coletado.
Harrison Magdinier Gomes, também da Fiocruz, conta que nos primeiros dias de dezembro a equipe não deu muita sorte com as condições meteorológicas.
“A temperatura não chega a ser um desafio, porque estamos preparados com as roupas que recebemos do Proantar, mas o vento pode arremessar uma pessoa. Na semana passada, nós tivemos aqui ventos de 140 km/h”, conta o cientista.
Desde a reabertura da estação brasileira, a Marinha contrata durante a temporada de pesquisas um alpinista profissional que faz o acompanhamento de segurança dos cientistas nas áreas mais perigosas.
Com um pouco de paciência e sorte, porém, os pesquisadores, que começaram chegar na estação em novembro, têm conseguido avançar em seus objetivos.
Estação
O Inpe anunciou que conseguiu reativar na última semana a estação meteorológica que faz medições automáticas na Estação Ferraz, uma instalação importante para os trabalhos científicos brasileiros na região.
Marcelo Santini, do Inpe, coordena os trabalhos. “Hoje estou no Max (navio polar Almirante Maximiano), onde embarquei ontem para a ida à Ilha Pinguim, onde instalamos um conjunto de sensores para amostras de fluxos de calor, CO2 e registro de outros parâmetros atmosféricos. Estou aguardando o tempo melhorar para desembarcar e finalizar o procedimento de transmissão de dados dessa estação meteorológica que instalamos na Estação Antártica Comandante Ferraz”, contou o pesquisador.
O Inpe informou que a operação obteve sucesso e os dados da estação já estão sendo transmitidos em tempo real para o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
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