Sexta-feira, 26 de Setembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 25 de setembro de 2025
A Terra é o único planeta habitável do Sistema Solar, até onde se sabe. Mas isso não significa que não recebamos visitantes — em geral, na forma de asteroides (a maioria inofensivos). Alguns desses corpos celestes chegam a permanecer temporariamente por aqui, adquirindo um status semelhante ao da Lua.
O mais recente desses objetos é o asteroide batizado de 2025 PN7. Avistado neste verão no hemisfério Norte, ele possui uma trajetória próxima à da Terra em torno do Sol. É como se fosse um carro trafegando na mesma faixa que o nosso planeta. Esse tipo de corpo celeste é chamado de quase-lua. Das poucas conhecidas, esta pode ser a menor até agora, com tamanho estimado de até 16 metros — menos do que o comprimento de uma pista de boliche.
Origem incerta
Alguns asteroides que se aproximam da Terra vêm do cinturão principal localizado entre Marte e Júpiter. Outros são fragmentos da Lua, ejetados após impactos de meteoritos. No caso do 2025 PN7, como as observações telescópicas ainda são escassas, não há pistas concretas sobre sua origem. “Por enquanto, só podemos especular”, explicou o astrônomo Carlos de la Fuente Marcos, da Universidade Complutense de Madri, autor de estudo sobre o objeto publicado na Research Notes of the American Astronomical Society.
O que já se sabe é que o asteroide não é um hóspede permanente. Ele faz parte de um grupo reduzido de rochas espaciais que orbitam de forma próxima à Terra por certo período, acompanhando ou liderando o planeta em sua volta ao Sol. Assim como os demais, em algum momento será expulso dessa posição — possivelmente em cerca de 60 anos.
A Terra já recebeu diversas miniluas e quase-luas. As primeiras orbitam diretamente nosso planeta, mas geralmente por pouco tempo — alguns meses apenas. Foi o caso do 2024 PT5, que se juntou à Terra no último outono e partiu em novembro. As quase-luas, por sua vez, giram em torno do Sol e permanecem em sincronia com a órbita terrestre por séculos ou até milênios, o que as torna candidatas interessantes para missões espaciais. Uma delas, a Kamoʻoalewa, será alvo da missão chinesa Tianwen-2, que pretende coletar amostras para estudo na Terra.
Quase-lua
O 2025 PN7 foi detectado em 2 de agosto com o observatório Pan-STARRS, da Universidade do Havaí. Depois, astrônomos localizaram o objeto em imagens de arquivo de anos anteriores, o que permitiu calcular sua órbita com precisão. Estima-se que ele tenha assumido a posição de quase-lua em 1957 — coincidindo com o lançamento do Sputnik 1, o primeiro satélite artificial da Terra.
Em agosto de 1980, o asteroide chegou a apenas 4 milhões de quilômetros da Terra, cerca de dez vezes a distância até a Lua. Em seu ponto mais afastado, pode atingir 17 milhões de quilômetros. Simulações indicam que ele permanecerá próximo da Terra por 126 anos, mas deixará essa órbita em 2083.
Ainda não há consenso sobre seu tamanho exato. A medição é feita a partir da quantidade de luz refletida em sua superfície, mas, como o 2025 PN7 é de difícil observação, o valor pode variar. “Não podemos determinar seu tamanho real com precisão”, destacou de la Fuente Marcos. A estimativa vai de 16 a até 49 metros de comprimento. Novas observações ajudarão a confirmar se o asteroide de fato é a menor quase-lua já registrada.
Para a comunidade científica, a descoberta é animadora. Asteroides próximos à Terra — quando não oferecem risco de colisão — ajudam a entender a evolução do Sistema Solar interno. “É ainda mais fascinante quando eles ficam próximos da Terra por um longo período”, disse Federica Spoto, pesquisadora do Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica, que não participou do estudo.
(Com O Globo)