Sexta-feira, 15 de Agosto de 2025

Home Política Cobrança de Bolsonaro sobre vacina, Coaf e monitoramento de cubanos: o que dizem as anotações que o general Heleno fez quando ainda era ministro

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Uma agenda do general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) de Jair Bolsonaro, agrega uma série de anotações como registros de reuniões, dados e até informações resguardadas por sigilo envolvendo o governo passado. O documento foi apreendido pela Polícia Federal (PF) no âmbito do inquérito que apurou uma tentativa de golpe de Estado e que hoje é um processo que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).

Os escritos, à mão, incluem referências, por exemplo, a um monitoramento de estudantes cubanos da Universidade de São Paulo (USP). “Abin levantando cubanos, infiltrados na USP, para espionagem da área estudantil”, diz a anotação datada de 25 de janeiro de 2022.

Este não é o único registro na agenda de Heleno envolvendo a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), órgão cujas investigações são sigilosas. Em outra página, datada de 9 de fevereiro de 2020, o general escreveu: “Abin – investigar o Coaf”, sigla do Conselho de Controle de Atividades Financeiras. Uma investigação sobre uma suposta prática de “rachadinha” no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, um dos filhos do ex-presidente e hoje senador pelo PL do Rio de Janeiro, foi originada após um relatório do órgão de fiscalização financeira apontar movimentações atípicas nas contas do parlamentar.

O general Heleno também menciona a Abin em outro momento, ao escrever que a agência estava de olho no ex-deputado do PT Vicente Cândido que, segundo ele, “é o novo Vaccari”, em referência a João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do partido, alvo da Lava-Jato.

Ainda na agenda, Heleno registrou a postura do então presidente da República durante a pandemia de covid-19 e a necessidade de que o então chefe fosse vacinado.

No documento, o general pontuou que “pres (presidente) tem que tomar vacina” e que existia um “rombo na popularidade” de Bolsonaro. “Desdenha do vírus. Não tem gestão. Nada está bom”, escreveu.

O general Augusto Heleno também fez algumas referências à Polícia Federal ao longo das 200 páginas de agenda apreendida pela corporação. Na mesma página em que fez a anotação referente a Vicente Cândido, o militar escreveu que a PF estava “preparando uma sacanagem grande”, sem mais explicações.

Em outro momento, ele registrou que a PF deve ser subordinada ao Presidente da República. “Polícia Federal – é subordinada ao PR. Delegado não pode cumprir diligência que não – diligência tem que estar apoiado. Chamado de genocida e não agiu a suspeição. AGIR. (…) Não tem que falar, tem que agir. Ilegalidades estão sendo cometidas”, escreveu.

A autonomia da PF foi assunto que gerou desgaste a Bolsonaro durante o seu governo. O senador Sergio Moro, ex-ministro da Justiça, pediu demissão em 2020 citando interferência do então presidente na PF. Dias depois, foi revelada uma reunião ministerial na qual Bolsonaro defendeu trocas no comando da PF do Rio para evitar que familiares e amigos seus fossem prejudicados por investigações em curso.

Heleno também fez algumas anotações sobre uma polêmica envolvendo o hoje vereador de Balneário Camboriú Jair Renan, um dos filhos de Bolsonaro. Em 2021, foi revelado que um grupo empresarial com interesses no governo presenteou Jair Renan e um parceiro comercial com um carro elétrico avaliado em R$ 90 mil.

O caso acabou no inquérito da Abin paralela, porque, segundo a PF, estrutura do órgão foi usada para livrar Jair Renan de uma investigação envolvendo suspeitas de tráfico de influência no governo. Posteriormente, a apuração foi arquivada. Quando a PF passou a investigar o filho do ex-presidente, ainda durante a gestão Bolsonaro, a Abin passou a seguir os passos do seu ex-parceiro comercial e personal trainer.

A ação de espionagem acabou sendo flagrada pela Polícia Militar do Distrito Federal, que abordou um integrante da Abin dentro do estacionamento do ex-parceiro comercial do filho do presidente.

“Após notícias da imprensa de que o filho do presidente estava utilizando um veículo cedido por um estranho, apenas apuramos que o referido carro na realidade estava na posse de outra pessoal. Na verdade, o filho do presidente, cuja segurança é de responsabilidade do GSI, nunca utilizou aquele carro. Ele é filho do presidente, portanto é atribuição da Abin verificar um fato”, escreveu Heleno em sua agenda. (Com informações do jornal O Globo)

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