Domingo, 26 de Outubro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 25 de outubro de 2025
 
Em meio a um cenário de crise causado por escândalos de corrupção, a Argentina vai às urnas neste domingo (26) para a realização de eleições legislativas consideradas cruciais para o governo do presidente Javier Milei, que vê crescer sua desaprovação popular. Uma pesquisa divulgada neste fim de semana pelo instituto AtlasIntel mostra que subiu a diferença entre o percentual de cidadãos que reprovam e os que aprovam o trabalho do polêmico líder de Buenos Aires.
De acordo com o levantamento, 55,7% dos eleitores desaprovam o trabalho de Milei. Outros 39,9% dizem aprovar, enquanto 4,4% não responderam. A diferença de quase 15 pontos percentuais entre os dois grupos é a maior já registrada pela Atlas, e confirma uma tendência que vem se consolidando nos últimos meses: Milei parece ter perdido terreno.
Quando perguntados sobre como avaliam o governo, em uma escala que vai de “excelente” a “muito ruim”, os argentinos também deixam claro que o governo ultraliberal não agrada. A esta altura, mais de metade (51,8%) dizem que o trabalho de Milei é “ruim” ou “muito ruim” – outra tendência consolidada nos meses recentes.
Os escândalos que atingiram integrantes do núcleo mais próximo do presidente, incluindo a própria irmã e assessora, Karina Milei, podem ter feito estragos. É o que sugerem os índices, conforme detalhado a seguir:
– Nada menos que 50,8% dos participantes da pesquisa disseram que a corrupção está entre os maiores problemas do país.
– Na sequência aparecem o desemprego (33,2%) e a inflação (30,8%).
– Para 68% dos participantes da pesquisa, a economia da Argentina vai mal sob Milei.
– No que se refere ao mercado de trabalho, 70% dizem que está ruim.
– Para 51%, a situação econômica de suas famílias é ruim.
Foram ouvidos 6.526 argentinos entre os dias 15 e 19 de outubro. A margem de erro é de um ponto percentual, para mais ou para menos.
Relevância do pleito
A votação de domingo é realizada quando Javier Milei chega à metade de seu mandato. O objetivo do governo é consolidar o poder no Congresso Nacional para aplicar uma série de reformas sistemáticas nos dois anos restantes da gestão.
O presidente precisa de maior governabilidade para conseguir a urgente reativação de uma economia em recessão e impactada por desastres financeiros. Essa eleição renovará metade dos 257 deputados e um terço dos 72 senadores de um Congresso no qual os apoiadores da atual gestão federal são minoria.
Milei revolucionou o panorama eleitoral em 2023 com um discurso antipolítica que cristalizou em sua figura o descontentamento geral. Em novembro daquele ano, conseguiu uma vitória contundente nas eleições presidenciais com 56% no segundo turno, mas seus 30% no primeiro turno o deixaram em minoria no Legislativo.
O Parlamento pôde, então, frustrar suas principais reformas, aprovar leis contrárias aos interesses de Milei e até mesmo reverter vetos presidenciais. O partido do presidente, A Liberdade Avança, não conseguirá obter maioria absoluta nas Câmaras, mas já se considera que haverá um aumento de sua estreita base, com 37 deputados.
“Conseguir um terço dos legisladores em cada câmara já seria um bom resultado”, declarou dias atrás o líder argentino.