Sábado, 25 de Outubro de 2025

Home em foco Com apoio de militares estrangeiros, ucranianos tentam deter soldados russos às portas de Kiev

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O barulho contrastava com as ruas absolutamente vazias desta cidade dormitório de pouco mais de 60 mil habitantes na periferia de Kiev. Irpin tem sido o palco das batalhas mais violentas entre russos e ucranianos no entorno da capital do país. Se Irpin cair, os russos estarão oficialmente nas portas de Kiev.

Enquanto as artilharias das forças russas e ucranianas atacavam-se mutuamente, ao longo de todo o domingo soldados combatiam nas franjas da cidade. As tropas russas parecem ter desistido de marchar sobre Irpin pela entrada principal, com sua enorme coluna de blindados, e iniciaram ataques pelos flancos direito e esquerdo. Primeiro com ataques de morteiro, depois com pequenos pelotões que tentavam se infiltrar na cidade pela densa floresta que a circunda.

Soldados russos foram avistados por jornalistas dentro de Irpin na tarde de domingo (13).

Os soldados ucranianos estão combatendo a infantaria russa com o apoio de dezenas de militares estrangeiros.

Veterano do Afeganistão

No grupo, a maior parte dos soldados identificados como estrangeiros era de americanos. Havia também um grupo de britânicos e ao menos um militar com a bandeira da França atada a seu uniforme. Chris, um dos soldados com a bandeira americana, disse estar combatendo há uma semana em Irpin. Veio para a Ucrânia com um grupo de amigos dos tempos em que serviu no Afeganistão.

“Somos todos Rangers, estamos em um grupo de dez amigos, nos conhecemos quando combatemos no Afeganistão. Alguns também são veteranos do Iraque”, disse.

Já não há praticamente ninguém em Irpin além de soldados, grupos paramilitares e alguns civis que fazem o transporte de feridos e de mortos até a entrada de Kiev. No hospital da cidade, quase todo destruído, sobrou apenas um médico, que fica de plantão para estabilizar feridos que serão enviados para a capital.

No subsolo do hospital, civis e soldados utilizam lanternas para recolher alimentos que estavam na despensa e medicamentos que ficaram para trás. No prédio anexo, já bombardeado, sem janelas ou portas, dois corpos foram colocados sob as escadas para serem preservados pelo frio até que sejam retirados dali.

Indiferentes 

Com tantos bombardeios, com tantos feridos, com tanta violência, a visão dos corpos espalhados pela cidade já não parece incomodar ninguém. Sobre os trilhos que dividem Irpin de Bucha, outra cidade dormitório na periferia de Kiev e já sob o controle das forças de Moscou, os corpos de dois soldados russos seguem ali há dias.

Um pouco mais à frente, diante de um shopping center agora em ruínas, um outro corpo se mistura aos escombros. Seus pés se foram, e parte de suas pernas estão destroçadas. Alguns soldados dizem que tentam afastar os cachorros que foram abandonados pela população em fuga, mas nem sempre conseguem.

Saqueadores

Enquanto soldados russos e ucranianos travavam no fim de semana a batalha pelo controle de Irpin, cidade dormitório às portas de Kiev, dois homens relativamente jovens saqueavam um pequeno mercado. Duas idosas faziam o mesmo. Carregavam tudo que podiam em carrinhos de compra.

Os homens sorriam enquanto seguiam com dificuldade pela rua repleta de escombros. Estavam aparentemente bêbados. Um deles tinha o olho inchado, como se tivesse sido agredido. Ofereceram-me um xampu e uma caixa de chocolates, como se houvesse fartura de tudo nessa cidade agora só cheia de morte.

Saqueadores como eles têm sido tratados com extrema violência pelo Exército ucraniano e pelas milícias civis.

Na tarde de sábado, três homens foram capturados sob a acusação de estarem roubando as casas dos civis que fugiram de Irpin. Foram levados para a entrada da cidade, despidos da cintura para baixo e amarrados com sacos e filme plástico a postes de metal.

Para impedir que falassem, os soldados colocaram batatas em suas bocas. Ao ver jornalistas se aproximando, um deles cuspiu a batata e disse, em inglês:

“Eu não sei por que estou aqui, eu não sei, eu estava apenas dirigindo.”

Logo um soldado ucraniano o mandou para de falar. Deu-lhe um tapa na cara e colocou uma outra batata em sua boca. O homem sangrava pelo nariz e parecia ter um pedaço de dente preso ao lábio.

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Exército ucraniano amarra saqueadores a postes e põe batatas em sua boca para que eles não falem
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