Segunda-feira, 04 de Agosto de 2025

Home Economia Com canais fechados para negociar com Trump, governo Lula corre para fechar pacote de socorro a exportadores brasileiros

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Com o início da vigência do tarifaço dos Estados Unidos sobre o Brasil previsto para essa quarta-feira (6), auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva admitem serem muito remotas as chances de um alívio na taxação de 50% anunciada a importações do País e correm para fechar os últimos detalhes do pacote de socorro a empresas afetadas.

A intenção do Palácio do Planalto é anunciar o plano de mitigação até quarta. A avaliação é que o governo não tem espaço de manobra para tentar reverter a decisão do presidente americano, Donald Trump. O prazo é exíguo e, apesar de algumas frentes de diálogo terem sido abertas nos últimos dias, a negociação em si não deslanchou.

A percepção de que as negociações estão travadas foi reforçada no domingo (3) pelo representante de comércio dos EUA (USTR), Jamieson Greer. Ele indicou que as novas tarifas globais determinadas por Trump na semana passada são “praticamente definitivas” e é “improvável” que acordos com países sejam fechados “nos próximos dias”.

Em entrevista exibida pelo canal de televisão CBS, ele disse estar descartada uma renegociação imediata, inclusive em relação ao Brasil. Greer é justamente a autoridade encarregada de costurar os acordos bilaterais dos EUA em meio ao tarifaço.

Lula aproveitou evento do Partido dos Trabalhadores neste domingo para reforçar a disposição do Brasil a abrir negociações, mas criticou a postura de Trump de condicionar o tarifaço a questões políticas e disse haver “um limite de briga com o governo americano”.

“Queremos negociar igualdade de condições. Eles são um país muito grande, o mais bélico, com mais tecnologia, a maior economia. Tudo isso é muito importante. Mas queremos ser respeitados pelo nosso tamanho. Temos interesses econômicos, estratégicos, queremos crescer e não somos uma republiqueta. Querer colocar um assunto político para nos taxar economicamente é inaceitável”, disse o presidente no encontro nacional do PT, em Brasília.

Como Trump condicionou a retirada da sanção comercial a um recuo do Supremo Tribunal Federal (STF) na ação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, o Brasil não tem como oferecer alternativas a não ser aguardar o diálogo na seara comercial, diz um integrante do governo. Continua fora de cogitação misturar as duas questões.

Segundo auxiliares presidenciais, Lula não deseja agendar uma conversa com Trump antes de anunciar o plano de contingência para o setor privado brasileiro. Na semana passada, o presidente americano disse que o petista pode falar com ele “quando quiser”.

A declaração foi comemorada com cautela pelo governo brasileiro, que entende ser necessário cumprir um roteiro preparatório antes do contato direto entre os dois líderes.

Na visão de conselheiros de Lula, um gesto em resposta à declaração de Trump é necessário nos próximos dias, mas uma ligação entre os dois chefes de Estado exige tratativas prévias, definindo o que pode ser negociado ou não durante a reunião. Caso contrário, há risco de o contato ter o efeito inverso e interditar de vez o diálogo com os americanos.

Para Lula, diante do cenário atual, o mais importante é sinalizar o quanto antes o que poderá ser oferecido de pronto pelo governo aos empresários brasileiros. O pacote de socorro aos setores afetados, que ainda está em etapa final de elaboração, deve contar com uma grande linha de apoio do BNDES às empresas taxadas, segundo fontes a par das conversas.

Uma ala do governo defende ainda que haja algum alívio à folha de pagamentos das companhias impactadas diretamente pelo tarifaço, mas o tema ainda está em análise.

O Planalto trabalha com o objetivo de fechar a modelagem até amanhã, quando o time de Lula planeja levar à televisão um pronunciamento do presidente em rede nacional para tratar do tarifaço e das medidas dos EUA mirando integrantes do STF.

A ordem executiva divulgada pela Casa Branca na quarta-feira passada trouxe uma lista com quase 700 exceções à taxação de 50% sobre mercadorias brasileiras. Segundo o governo, com isso, 44,6% das exportações brasileiras em valores para o mercado americano ficarão livres da sobretaxa e continuarão a pagar a tarifa de até 10% definida em abril. (Com informações do jornal O Globo)

 

 

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