Segunda-feira, 24 de Novembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 23 de novembro de 2025
Jair Bolsonaro (PL) começa a cumprir em regime fechado sua pena de 27 anos e três meses por tentativa de golpe de Estado. Esse, tudo indica, é o efeito prático da decretação de sua prisão preventiva neste sábado (22) pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Já se previa que o STF determinasse o cumprimento da pena a partir de segunda (24), com o encerramento do prazo para os últimos recursos da defesa do ex-presidente —que havia pedido a permanência da prisão domiciliar em que ele estava desde 4 de agosto, alegando riscos de vida decorrentes de idade e condições de saúde. Essa possibilidade por ora parece fora da mesa.
Em sua decisão, Moraes apontou tentativa de violação da tornozeleira eletrônica, reportada pelo monitoramento do Distrito Federal, e risco de fuga para a embaixada dos Estados Unidos, agravado por uma vigília a ser realizada na noite deste sábado perto de sua residência. Em vídeo, Bolsonaro admitiu candidamente a uma agente distrital que aplicou ferro quente na tornozeleira.
O relato da estupidez sem dúvida fortalece a medida do magistrado, que já amargou as fugas para o exterior dos deputados bolsonaristas Carla Zambelli (PL-SP) e Alexandre Ramagem (PL-RJ), ambos condenados pela corte, além de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente que opera nos EUA, de modo desastrado, para que o governo Donald Trump sabote o Brasil.
Mas, mesmo que o regime domiciliar se mostre muito improvável agora, as condições de saúde de Bolsonaro, aos 70 anos e fragilizado pelo atentado a faca sofrido na campanha de 2018, serão um tema incontornável para o Supremo à frente —o Estado, afinal, tem a obrigação de zelar pelos que estão sob sua custódia, ainda que falhe com uma multidão de detentos país afora.
Permanecerá aberto também o debate em torno da dosimetria da pena aplicada ao ex-presidente da República. Na hipótese razoável, o Congresso pode aperfeiçoar a legislação e eliminar a sobreposição de crimes similares que levou o STF a aplicar punições excessivas aos golpistas; no pior cenário, aliados insistirão em uma anistia geral ofensiva ao regime democrático.
Politicamente, Bolsonaro já estava esvaziado antes de ser encarcerado pela Polícia Federal. Fracassou de modo rotundo, como era previsível para quem não vive em fantasias ideológicas, a derradeira tentativa de intimidar as instituições brasileiras com o tarifaço de Trump, já muito atenuado. Forças à direita e ao centro buscam alternativas para 2026.
Políticos e potenciais presidenciáveis como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), mantêm vexatória reverência ao ex-presidente, dada a fidelidade de seu amplo eleitorado. Mais ampla, porém, é a rejeição demonstrada pela sociedade e pelas instituições democráticas ao golpismo, que precisa ser reforçada com o cumprimento da punição a seu líder. Com informações da Folha de São Paulo.