Domingo, 13 de Julho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 12 de julho de 2025
A guerra tecnológica da inteligência artificial (IA) chega ao espaço: a China está avançando na montagem de um supercomputador no espaço, com o envio de 12 satélites para a Constelação de Computação Três Corpos. Essa constelação vai processar e analisar dados em órbita, segundo a ADA Space, uma startup que desenvolveu o projeto com o instituto de pesquisa Zhejiang Lab, da província de Zhejiang.
Pelo projeto, a constelação será formada por 2.800 satélites. Os primeiros foram lançados em maio. Quando completa, a rede terá um poder total de computação de mil peta operações por segundo (Pops, pela sigla em inglês) — o equivalente a um quatrilhão de operações de ponto flutuante por segundo, medida usada para determinar o desempenho de um supercomputador.
Os 12 satélites já em órbita têm capacidade de armazenamento de 30 terabytes, segundo o site World Internet Conference.
Fazer a análise e o processamento de dados no espaço pode evitar gargalos associados à transmissão de volta à Terra, como largura de banda larga limitada e disponibilidade de estações terrestres. Além disso, centros de dados orbitais podem usar energia solar e irradiar seu calor, reduzindo a necessidade de energia e a pegada de carbono.
Cada um dos satélites da rede possui modelos de IA para processar dados de forma independente, eliminando a necessidade de depender de centros baseados na Terra. Os usos potenciais incluem resposta a emergências, jogos imersivos e simulações digitais para a indústria, segundo a ADA Space.
“A abordagem da China aqui se assemelha bastante à sua estratégia no setor de veículos elétricos, renovando toda a tecnologia para estabelecer a liderança em áreas que estão em franca ascensão”, disse a pesquisadora espacial Sylwia M. Gorska, doutoranda na Universidade de Central Lancashire.
Já o astrônomo Jonathan McDowell é cético e diz que centros de dados no espaço de fato oferecem vantagens em poder irradiar o calor, mas que talvez o custo para levar essa tecnologia até lá não compense.
Mudança na corrida espacial
Ainda assim, centros de dados orbitais podem desempenhar um papel vital em um conflito militar ao processar grandes volumes de dados de sensores, como imagens de satélite e movimentações navais, reduzindo a latência em comparação com sistemas baseados em terra. Eles também são menos vulneráveis a ataques terrestres e podem servir como retransmissores para comunicações militares seguras.
“Isso marca uma grande mudança na competição espacial entre EUA e China e, sem dúvida, eleva a intensidade da corrida espacial”, disse Namrata Goswami, que leciona política espacial e relações internacionais na Thunderbird School of Global Management da Universidade Estadual do Arizona.
“A China está criando vantagens assimétricas: vigilância autônoma, monitoramento ambiental e aplicações militares menos vulneráveis a ataques físicos ou cibernéticos baseados na Terra”, completa.
O Zhejiang Lab planeja formar parcerias para lançar mais 50 satélites computacionais este ano.
O fato tem preocupado autoridades internacionais. O general Stephen Whiting, do Comando Espacial dos EUA, em entrevista ao Breaking Defense no mês passado, disse que a China “avançou de forma impressionante” no seu programa espacial. Já o chefe do Estado-Maior Integrado da Defesa da Índia, marechal do ar Ashutosh Dixit, falou que os avanços do vizinho na área são notáveis.
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