Quinta-feira, 12 de Dezembro de 2024
Por Redação Rádio Pampa | 13 de outubro de 2022
Com a saída da Latam do Capítulo 11 (a lei de falências e recuperações judiciais dos Estados Unidos) na primeira semana de novembro e o aumento de capital que a companhia aérea fará, os atuais acionistas principais da companhia, Qatar Airways, Delta Air Lines e a família chilena Cueto, serão diluídos perderão o controle da empresa. Um grupo de credores liderados por três fundos passará a ter dois terços das ações.
Os três acionistas passarão a ter cerca de 27% do capital do grupo (hoje, detêm 46,4%). Já os credores da Latam passarão a deter 66% das ações, sendo que três fundos, Sixth Street, Strategic Value Partners e Sculptor Capital, são hoje os que mais detêm créditos da empresa.
Os acionistas minoritários devem ficar com o restante, se decidirem aportar mais recursos na empresa no aumento de capital. Com essa modificação acionária, os credores principais vão nomear cinco dos nove membros do conselho de administração da Latam. O valor do aporte não foi relevado.
O grupo Latam comunicou ao mercado chileno que pretende concluir sua reestruturação financeira no marco do Capítulo 11 (a lei de falências e recuperações judiciais dos Estados Unidos) na primeira semana de novembro e, para tanto, conseguiu novos financiamentos e vai fazer a citada operação de aumento de capital.
Para garantir a saída da recuperação judicial, a Latam precisou ainda emitir mais três instrumentos de dívida para se financiar e poder pagar um empréstimo DIP (debtor in possession, concedido em processos de recuperação judicial e que dá ao credor preferência absoluta no recebimento da dívida) contraído durante a reestruturação de aproximadamente US$ 2,95 bilhões.
Ao todo, a companhia levanta agora US$ 2,25 bilhões em financiamentos a serem quitados em prazos máximos que variam entre cinco e sete anos.
Para conseguir pagar o DIP, a empresa vai emitir o que chama de DIP Júnior, um financiamento de US$ 1,146 bilhão, de curtíssimo prazo: deve ser pago na primeira semana de novembro, quando da saída da Latam do Capítulo 11. A companhia espera pagá-lo com recursos a serem recebidos dos acionistas e de credores.
O montante de US$ 2,25 bilhões será levantado em três operações. A maior delas é um financiamento, chamado de Term Loan B, de US$ 1,1 bilhão, com um prazo máximo de cinco anos, mas que o grupo pode quitar a partir do segundo ano.
Além disso, há US$ 450 milhões levantados com notas garantidas sênior, com vencimento em 2027, e mais US$ 700 milhões de notas garantidas sênior, cujo vencimento é em 2029.
Segundo a Latam, “como a transação está estruturada, o financiamento a prazo (que representa, aproximadamente, metade de todo o financiamento) poderá ser pago ao valor de face a partir do terceiro ano. A companhia também obteve uma linha de crédito rotativa de cerca de US$ 500 milhões”.
Com os recursos obtidos e o atual caixa da companhia, o grupo Latam espera sair do processo de reestruturação com US$ 2,2 bilhões de liquidez “e uma redução da dívida de cerca de 35% em relação ao que tínhamos quando começamos esse processo”, disse a empresa em nota.
Quando pediu recuperação judicial, em julho de 2020, seus débitos listados no processo somavam cerca de US$ 18 bilhões. A dívida financeira era de US$ 11 bilhões.
Em junho, a companhia informou à Comissão para o Mercado Financeiro do Chile (CMF, órgão regulador do mercado de capitais chileno) que a estrutura de financiamento de saída do Capítulo 11 contemplava a contratação de nova dívida sob diferentes modalidades de cerca de US$ 2,2 bilhões, incluindo as notas garantidas e um financiamento a prazo, além de uma nova linha de crédito rotativa de aproximadamente US$ 500 milhões.
Originalmente, as notas foram estruturadas como empréstimos-ponte por montante total de US$ 1,5 bilhão concedido por diversos bancos.
No Ar: Pampa Na Tarde