Quarta-feira, 26 de Novembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 25 de novembro de 2025
As prisões dos condenados da trama golpista foram realizadas de maneira discreta, sem registro público de imagens dos réus sendo conduzidos às unidades prisionais onde irão cumprir pena. A postura adotada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) difere substancialmente daquela observada durante a Operação Lava-Jato, que se notabilizou por prisões acompanhadas de ampla divulgação, inclusive com transmissões ao vivo e cobertura detalhada dos deslocamentos. Em 2018, por exemplo, a prisão do então ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi amplamente documentada, em grande parte devido à aglomeração de apoiadores que cercou o local e acompanhou cada etapa do procedimento.
No caso de Jair Bolsonaro, o cumprimento do mandado por parte da Polícia Federal (PF) ocorreu sem qualquer tipo de espetáculo. A ordem foi executada com discrição, reforçando a indicação de que a corporação se movimentou em sintonia com a orientação do STF para evitar ruídos políticos e exposições desnecessárias. O mesmo padrão foi observado nas prisões dos demais réus do núcleo principal da trama golpista, realizadas nessa terça-feira (25). Em mais um sinal de cuidado, o ministro Alexandre de Moraes só autorizou a disponibilização das decisões no sistema processual do tribunal após a confirmação de que todas as ordens haviam sido cumpridas.
A decisão de manter Bolsonaro na carceragem da PF, em vez de transferi-lo imediatamente para a Penitenciária da Papuda, também segue essa lógica de contenção. Uma transferência precipitada poderia se tornar objeto de exploração política, além de estimular a mobilização de apoiadores do ex-presidente. Embora a possibilidade de levá-lo para a Papuda não esteja descartada, a avaliação é que esse movimento só deve ocorrer quando o cenário estiver mais estabilizado.
Além da preocupação em reduzir a repercussão pública do início do cumprimento das penas, Moraes também atendeu a um pedido pessoal do comandante do Exército, Tomás Paiva. O oficial solicitou que os militares condenados não fossem algemados durante as prisões e que fossem conduzidos para unidades das próprias Forças Armadas, evitando sua ida imediata para presídios comuns. O ministro atendeu integralmente ao pedido, determinando que os militares cumpram pena em instalações das forças às quais pertencem. A única exceção é o ex-presidente Jair Bolsonaro, cuja situação já havia sido previamente acordada com a cúpula do Exército.
Com isso, o STF buscou adotar um modelo de atuação que reduzisse tensões e evitasse episódios de forte impacto visual ou simbólico, tradicionais em operações penais de alta relevância política. (Análise por Carolina Brígido, de O Estado de S. Paulo)