Quinta-feira, 23 de Outubro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 19 de agosto de 2023
Em meio às investigações sobre o suposto esquema de venda de joias presenteadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro em viagens oficiais, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro participou de uma reunião de trabalho do PL Mulher em São Paulo na sexta-feira (18). O evento, fechado ao público, contou com um aparato de segurança reforçado para blindar Michelle de possíveis questionamentos, após a ex-primeira-dama entrar na mira da Polícia Federal.
No dia anterior, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acolheu pedido da PF e autorizou a quebra de sigilo bancário e fiscal de Bolsonaro e Michelle. Nas redes sociais, a ex-primeira-dama criticou a decisão da Corte e disse ser vítima de perseguição política. “Fica cada vez mais claro que essa perseguição política, cheia de malabarismo e inflamada pela mídia, tem como objetivo manchar o nome da minha família e tentar me fazer desistir”, escreveu. “Pra quê quebrar meu sigilo bancário e fiscal? Bastava me pedir.”
O evento do PL Mulher, entidade presidida por Michelle desde março deste ano, marca a segunda agenda oficial da ex-primeira-dama em São Paulo como dirigente do partido. Na noite anterior, Michelle jantou com a primeira-dama do Estado de São Paulo, Cristiane Freitas, no Palácio dos Bandeirantes, sede da administração paulista. Após o encontro, ela se dirigiu a um hotel na Vila Guilherme, zona norte da capital, para passar a noite e participar do evento partidário.
Eventos fechados
De acordo com integrantes do PL, Michelle continuará participando de encontros do partido a fim de impulsionar as lideranças femininas da sigla. No entanto, os eventos devem ser restritos para membros do PL e fechados à imprensa. Na reunião desta sexta-feira, Michelle não falou com os apoiadores que aguardavam do lado de fora do hotel, tampouco conversou com os jornalistas que ficaram na recepção do hotel.
A postura contrasta com o plano inicial do PL, que era ter na figura de Michelle uma espécie de cabo eleitoral. Assim como ocorre com o ex-presidente, a intenção da sigla era reunir imagens com o maior número possível de apoiadores, em especial mulheres, para usar durante a campanha em 2024. Os escândalos recentes, da venda das joias, porém, colocam freio na proposta.
Michelle terá, ao menos nas próximas reuniões, blindagem do partido. A intenção, revelam integrantes da sigla ao jornal, é que ela possa chegar e sair do local das reuniões sem ser interpelada pela imprensa. A ideia é não deixar a ex-primeira-dama em uma situação que seja obrigada a responder questões sobre as joias. Nem mesmo os apoiadores que aguardavam ela no hotel puderam falar com a ex-primeira-dama.
Retrospecto
Vale lembrar que, no início das revelações sobre as joias, uma declaração de Michelle admitindo ter recebido uns dos kits luxuosos complicou a linha de defesa do ex-presidente. Desde então, ela se viu cada vez mais envolvida no esquema. Suspeita-se, inclusive, que parte do dinheiro tenha ido para as contas dela em depósitos fracionados feitos pelo tenente-coronel e sua equipe. O modus operandi é típico de esquemas de lavagem de dinheiro.
As revelações recentes também colocaram Michelle na mira da Justiça, tendo o Supremo Tribunal Federal decretado a quebra de sigilo de suas contas. A decisão também atinge o ex-presidente Bolsonaro. Ela, pouco antes do evento do PL Mulher, se mostrou incomodada com a situação. Nas redes, ironizou a decisão judicial dizendo que “bastava pedir” que ela teria aberto os registros bancários.