Terça-feira, 30 de Setembro de 2025

Home Cinema Como assistir aos filmes de Hitchcock: confira 5 dicas para entender o mestre do suspense

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Procure a palavra “suspense” no dicionário e, provavelmente, deveria haver a silhueta de Alfred Hitchcock ao lado. O diretor britânico nunca ganhou um Oscar competitivo — a Academia só lhe concedeu um honorário em 1968 —, mas sua influência no cinema é indiscutível. Hitchcock é aquele tipo de cineasta que até quem não é fã de filmes conhece de nome.

Mesmo que o público não tenha visto suas obras, dificilmente deixará de reconhecer a famosa cena do chuveiro em “Psicose” ou alguma paródia em “Os Simpsons”. Minha própria introdução ao diretor veio na infância: em “Siga Aquele Pássaro”, de “Vila Sésamo”, um avião sobrevoa Garibaldo em um milharal, referência direta a “Intriga Internacional”.

A marca de Hitchcock está em imagens cuidadosamente enquadradas, personagens mergulhados em obsessões e a habilidade de manipular emoções. Seu maior talento era deixar o público em pânico — e ensinar outros cineastas a fazer o mesmo.

“Janela Indiscreta” (1954)

Hitchcock gostava de nos colocar dentro da mente de seus personagens, explorando desejos e manias. Em “Janela Indiscreta”, o fotojornalista Jeff (James Stewart), preso em casa com a perna engessada, passa a observar a vida dos vizinhos pela janela. O passatempo se transforma em obsessão quando ele suspeita de um assassinato.

O diretor nos obriga a ver o que Jeff vê: através da lente teleobjetiva, sentimos o tremor e o enquadramento da câmera. Não apenas acompanhamos o personagem, mas participamos de seu voyeurismo — e começamos a questionar nossa própria sanidade.

“Os Pássaros” (1963)

Em “Os Pássaros”, a história se desenrola como um pesadelo sem explicação. Após a chegada de Melanie Daniels (Tippi Hedren) a uma pequena cidade, aves comuns passam a atacar humanos de forma violenta.

Uma das cenas mais marcantes mostra crianças cantando em uma escola enquanto, do lado de fora, corvos pousam em um trepa-trepa. O acúmulo gradual, quase imperceptível, transforma a paisagem comum em uma imagem aterrorizante. Quando Melanie percebe, o brinquedo já está tomado por aves. O medo nasce não do ataque em si, mas da construção visual que prepara o espectador para o inevitável.

“Um Corpo que Cai” (1958)

Para Hitchcock, o cinema era manipulação emocional. Em “Um Corpo que Cai”, James Stewart interpreta Scottie, um ex-detetive que sofre de vertigem e se vê obcecado por Madeleine (Kim Novak).

Quando persegue a mulher por uma escada em espiral, o diretor precisava que o público sentisse a vertigem do personagem. O resultado foi o dolly zoom, efeito criado por Irmin Roberts, em que o fundo da imagem se afasta ou se aproxima sem que o sujeito mude de posição. O impacto é a sensação de queda — a tradução visual do medo de altura.

“Psicose” (1960)

A cena mais célebre de Hitchcock é também uma das mais estudadas do cinema. Marion Crane (Janet Leigh), hospedada no Bates Motel, toma banho quando é surpreendida por uma figura atrás da cortina.

Filmada com 78 tomadas e 52 cortes, a sequência fragmenta a ação em closes rápidos. Não vemos o corpo nu de Marion nem a lâmina perfurando sua pele, mas nossa mente preenche as lacunas. É a imaginação — estimulada pela montagem — que torna a cena mais assustadora do que qualquer imagem explícita.

“O Homem que Sabia Demais” (1956)

Hitchcock sabia que silêncio pode ser tão poderoso quanto som. Em “O Homem que Sabia Demais”, Ben e Jo McKenna (James Stewart e Doris Day) tentam impedir um assassinato na Royal Albert Hall, em Londres.

Enquanto a orquestra toca, não ouvimos as falas dos personagens. O diretor intercala o músico prestes a bater os pratos e o atirador prestes a disparar. No instante decisivo, Jo grita, os pratos colidem e a plateia reage em choque — espelhando a sala de cinema. Hitchcock, mais uma vez, prova que controla não apenas os personagens, mas também cada espectador.

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