Segunda-feira, 08 de Setembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 8 de setembro de 2025
Estamos exatamente a dois meses do maior evento das Nações Unidas, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (em inglês, United Nations Framework Convention on Climate Change ou UNFCCC), popularmente conhecido como COP30.
E como será que os gaúchos estão enxergando toda essa movimentação? Existe um entendimento sobre o que representam os potenciais acordos climáticos que poderão ser firmados entre os dias 10 e 21 de novembro, em Belém do Pará?
Muito se ouve no noticiário sobre as dificuldades e os desafios dos preparativos para receber 198 nações-membros da ONU em uma cidade com infraestrutura precária e logisticamente distante dos grandes centros do país. A decisão de levar a COP30 para Belém, na região Norte, foi tomada em dezembro de 2023 pela ONU, após articulações do presidente Lula com apoio dos países da América do Sul e do Caribe.
Passada a euforia inicial, veio a dura realidade do tamanho do desafio: preparar a infraestrutura geral da cidade para um evento que exige acomodação para delegações, convidados e imprensa mundial. Isso demanda uma estratégia de segurança complexa, considerando a quantidade de lideranças internacionais, diplomatas, cientistas, governantes e representantes da sociedade civil que lá estarão.
Com muitas críticas internas e externas, e cercados de dúvidas sobre a utilidade prática do evento, os gaúchos começam a entender melhor o funcionamento desse importante encontro das Nações, cujo objetivo final é redigir um documento, um acordo para a redução dos gases de efeito estufa que provocam eventos climáticos extremos. Cada Nação-Membro terá suas metas e compromissos para o objetivo final que é a redução das emissões de gases que estão provocando o aumento da temperatura do planeta.
O título desta coluna questiona o ânimo dos gaúchos — uma provocação para chamar atenção ao evento, já que os resultados dos acordos poderão e deverão afetar a vida de todos, gerando mudanças, criando riscos e oportunidades.
A COP30 está sendo chamada de “COP das Soluções”, uma vez que tudo já foi apresentado, discutido e as metodologias implantadas. O que falta, na prática, é que os países assumam metas de redução de emissões e as cumpram.
Outro ponto central é o financiamento climático, que exige esforço diplomático e boa vontade, pois os países mais pobres são os que mais sofrem com a poluição gerada pelos mais ricos. Estes, para gerar desenvolvimento, contribuíram para a atual situação de aquecimento global. Assim, a pauta sobre valores e instrumentos de financiamento para países pobres e povos que ainda preservam sua natureza será um dos temas mais complexos.
No interior do estado, há manifestações em outdoors demonstrando insatisfação e até protesto contra o evento. Porém, pesquisa do Instituto Locomotiva indica que a maioria dos brasileiros (90%) confia que a COP30 terá impacto positivo no combate à crise climática, cobrando ações de governos, empresas e países ricos, com foco em florestas, energias renováveis e justiça climática.
No entanto, existe uma lacuna no conhecimento: 71% dos entrevistados afirmam desconhecer o que é a COP30, e 46% percebem o país despreparado para os desafios climáticos. O interesse em buscas sobre a COP30 aumentou 440% em agosto, mostrando crescente atenção ao evento no Brasil.
Esta coluna de opinião buscará esclarecer e decodificar o que é esse grande evento, por que ele é importante e merece a atenção da sociedade gaúcha. A escolha de Belém do Pará, apesar de polêmica e desafiadora, trará, sem dúvidas, o olhar do mundo para os povos da Amazônia e suas dificuldades.
Ninguém está imune aos devastadores efeitos dos eventos climáticos, mas especialmente aqueles que dependem diretamente da natureza e vivem integrados a ela serão os mais afetados.
* Renato Zimmermann, Desenvolvedor de Negócios Sustentáveis e Ativista da Transição Energética.