Quarta-feira, 09 de Julho de 2025

Home Rio Grande do Sul Comunidade de Águas Claras, em Viamão, protesta contra a exploração de aquíferos locais

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A comunidade de Águas Claras, em Viamão, está mobilizada contra a instalação de poços artesianos por parte da Corsan/Aegea na região. Segundo os moradores, a companhia pretende explorar os aquíferos locais em larga escala, canalizando a água para abastecer outros municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre, como Canoas, Gravataí, Alvorada e até mesmo a Capital.

Organizado pela Associação de Moradores e por grupos ambientalistas locais, o movimento “Pela Manutenção Sustentável da Água em Águas Claras” tem ganhado força e se prepara para realizar uma manifestação no dia 19 deste mês, às margens da ERS-040 — principal rodovia de acesso à região. A expectativa é reunir centenas de pessoas em protesto à medida, que os moradores classificam como “agressiva” e “injusta”.

Volume de retirada preocupa comunidade

Segundo dados técnicos apresentados por integrantes do movimento, o projeto prevê a retirada de 550 a 900 litros por segundo, o que equivale a entre 47,5 e 77,7 milhões de litros de água por dia. A estimativa é até 25 vezes maior do que o consumo diário atual da comunidade, que gira em torno de 3 milhões de litros, considerando os cerca de 20 mil habitantes de Águas Claras.

“Querem tirar nossa água para levar para cidades que já têm sistemas consolidados, enquanto nós mesmos nunca tivemos apoio de governo algum para isso. Sempre cavamos nossos próprios poços, com nossos próprios recursos. A água aqui é nossa e tem que continuar sendo cuidada pela gente”, disse o presidente da Associação de Moradores de Águas Claras, Omar Fraga.

Preocupação ambiental

Além do impacto direto no acesso à água potável, moradores e ambientalistas alertam para possíveis danos ambientais na região dos banhados do Pacheco, Chico Lomã, Gravataí e Lombas, ecossistemas frágeis e estratégicos para a biodiversidade e o equilíbrio hídrico local.

“O aquífero não é infinito. Se tirarem água daqui em volume tão alto, o impacto será sentido nas nascentes, nos poços já existentes e na fauna dos banhados. É um risco ambiental real que precisa ser discutido com base técnica e com participação popular”, declarou o vereador Marco Antônio Borrega, que apoia a mobilização.

Rejeição à concessão

Outro ponto que gera revolta entre os moradores é o modelo de concessão à iniciativa privada. Atualmente, boa parte da comunidade utiliza água de poços próprios, sem pagar por sua captação, tratamento ou distribuição. Com a entrada da Corsan/Aegea, teme-se que esse cenário mude completamente.

“Não bastasse quererem tirar a água para outros municípios, agora também querem cobrar da gente por uma água que sempre foi nossa. Não fomos consultados, não aceitamos e não vamos aceitar”, ressaltou o presidente da Associação de Moradores de Águas Claras, Omar Fraga.

“Águas Claras não pode ser vista como um reservatório a céu aberto para servir interesses externos. O que está sendo proposto é extrair riqueza natural de uma comunidade que há décadas vive de forma autônoma e sustentável. Vamos resistir”, completou o vereador Borrega.

Manifestação na ERS-040

O ato do dia 19 de julho, anunciado como pacífico e familiar, deve reunir moradores, ambientalistas e lideranças da região. Cartazes, faixas, carros de som e caminhadas estão entre as ações programadas. O objetivo é chamar atenção da sociedade e pressionar autoridades públicas a barrar o avanço do projeto sem diálogo com a comunidade.

A comunidade acionou o Ministério Público e busca apoio de parlamentares, organizações ambientais e universidades para discutir alternativas sustentáveis que respeitem o meio ambiente e a soberania local sobre seus recursos hídricos.

“Águas Claras já diz no nome: aqui, a água é um bem precioso. Não podemos permitir que seja explorada por interesses comerciais sem pensar nas futuras gerações.”afirmou Omar Fraga.

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