Quarta-feira, 08 de Outubro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 28 de julho de 2025
Aos 58 anos, Kazuyoshi Miura, o eterno King Kazu, alcançou a marca impressionante de 40 temporadas como jogador profissional. Sua trajetória teve início no Brasil, em 1986, quando vestiu a camisa do Santos — tornando-se o primeiro japonês a atuar em solo brasileiro. Embora tenha jogado apenas duas partidas pelo Peixe, logo foi emprestado ao Palmeiras, participando da Copa Kirin, disputada no Japão.
Passou ainda pelo Matsubara, no Paraná, e mais tarde pelo CRB, mas foi no XV de Jaú que marcou seu primeiro gol como profissional, tornando-se também o primeiro japonês a balançar as redes no futebol brasileiro. A carreira deslanchou de vez no Coritiba, onde, em duas temporadas, marcou 7 gols e foi campeão paranaense, voltando ao Santos pouco depois — momento em que despertou o interesse do futebol japonês e rumou para o Tokyo Verdy.
No Tokyo Verdy, Kazu brilhou e conquistou o bicampeonato da antiga liga JSE, então ainda considerada amadora. Em 1993, com a criação da J.League, o craque japonês viveu sua temporada mais artilheira, sendo campeão contra o próprio Zico, ídolo do Flamengo. Na final, Zico foi expulso e Kazu marcou o gol do título, tornando-se o artilheiro da competição (20 gols) e eleito MVP, superando nomes como Zico e Gary Lineker.
Com destaque no Japão, Kazu chegou à Europa em 1994, contratado pelo Genoa, da Serie A italiana, considerada à época a melhor liga do mundo. Lá, tornou-se o primeiro japonês da história a disputar o campeonato. Marcou seu único gol contra a Sampdoria, mas a passagem foi breve. Retornou ao Tokyo Verdy para a segunda fase da liga japonesa, onde manteve a alta performance e, mesmo com 23 gols marcados, terminou a temporada de 1995 em sétimo lugar.
Aos 30 anos, em 1997, lesões começaram a atrapalhar seu desempenho e ele perdeu espaço no Tokyo Verdy, encerrando sua passagem pelo clube em 1998. Tentou novo voo internacional no Dinamo Zagreb, da Croácia, onde venceu a liga nacional, mas não participou diretamente de gols. Já em 1999, retornou ao Japão para defender o Kyoto Purple Sanga, onde reencontrou bom futebol, marcou seu centésimo gol na liga e viu de perto a ascensão da jovem promessa Park Ji-Sung — embora não tenha evitado o rebaixamento da equipe.
Em 2001, foi para o Vissel Kobe, mas perdeu espaço e saiu em 2005.
Quando todos esperavam sua aposentadoria aos 38 anos, o Yokohama FC apostou em Kazu para disputar a segunda divisão japonesa. Em seguida, foi emprestado ao Sydney FC, da Austrália, jogando quatro partidas e marcando dois gols. Com o Yokohama, ajudou a equipe a subir para a elite japonesa, mas o time foi rebaixado na temporada seguinte.
Mesmo assim, Kazu seguiu em frente: em 2017, aos 50 anos e sete dias, tornou-se o jogador mais velho a atuar profissionalmente. Em 2023, foi emprestado para a UD Oliveirense, de Portugal, sendo o mais velho da história a jogar em solo português. Em 2024, assinou com o Atlético Suzuka, da quarta divisão japonesa, e em 2025, aos 58 anos, voltou a campo após lesão, iniciando a 40ª temporada da sua carreira.
Kazu Miura disputou 89 partidas pela seleção japonesa, marcando 55 gols. Foi campeão da Copa da Ásia de 1992 e teve papel decisivo nas eliminatórias para a Copa de 1994, mas o Japão foi eliminado nos acréscimos contra o Iraque, no jogo eternizado como a “Agonia de Doha”.
A grande decepção veio em 1998, quando, mesmo sendo o artilheiro das eliminatórias com 14 gols, foi excluído da lista final da Copa pelo técnico Takeshi Okada — uma decisão que gerou forte comoção e críticas no país. Kazu se despediu da seleção em 2000, com gols em amistosos contra Brunei e Jamaica.
Em 2012, aos 45 anos, Kazu surpreendeu ao integrar a seleção japonesa de futsal para a Copa do Mundo da FIFA na Tailândia. Tornou-se o mais velho da história a disputar o torneio, provando que sua relação com o futebol transcende modalidades.