Domingo, 02 de Novembro de 2025

Home Agro Conseleite/RS lidera frente nacional em defesa do leite brasileiro e pede pacote emergencial ao governo

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O setor lácteo brasileiro iniciou, em 30 de outubro, uma mobilização inédita em defesa do leite nacional. A ação, liderada pelo Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Estado do Rio Grande do Sul (Conseleite/RS), reúne produtores, indústrias e lideranças do setor em um esforço conjunto para conter o avanço descontrolado das importações de leite em pó e queijo muçarela, especialmente da Argentina e do Uruguai. O excesso de produtos estrangeiros tem desequilibrado o mercado interno, comprometendo a sustentabilidade da produção rural e ameaçando milhares de empregos no campo e nas cidades.

Em documento oficial enviado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao vice-presidente Geraldo Alckmin, aos ministros Carlos Fávero (Agricultura), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), à ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e ao diretor da Conab, João Edegar Pretto, o Conseleite/RS solicita três medidas emergenciais para socorrer o setor:

  • Adoção de benefício fiscal para indústrias que adquirirem leite em pó nacional, tornando o produto brasileiro mais competitivo frente ao importado.
  • Compra governamental de 100 mil toneladas de leite em pó nacional, com destinação a programas sociais e escolares.
  • Sobretaxa de 50% sobre leite em pó e queijo muçarela importados da Argentina e do Uruguai, válida por 36 meses.

Segundo o coordenador do Conseleite/RS, Darlan Palharini, o setor chegou a um ponto crítico. “Não há como competir com a avalanche de leite e queijos do Prata que está entrando no Brasil. Precisamos de apoio ou o setor lácteo nacional não resistirá por muito tempo”, alerta. A situação se agravou com o início da safra de leite, período em que a oferta naturalmente aumenta devido às condições climáticas favoráveis. Com o mercado saturado por produtos importados, o leite nacional sobra nas propriedades, sem escoamento viável.

Dados do Cepea indicam que o preço médio pago ao produtor em outubro foi de R$ 2,22 por litro, abaixo do custo de produção em muitos estados. Em Santa Catarina, por exemplo, o valor médio foi de R$ 2,14, enquanto o custo ultrapassa R$ 2,20, mantendo milhares de produtores no prejuízo. No Rio Grande do Sul, o número de produtores caiu para cerca de 28 mil, apenas um terço do que existia há dez anos.

A indústria também enfrenta dificuldades. Com margens reduzidas e concorrência desleal, muitas plantas estão sendo inviabilizadas, o que ameaça a cadeia produtiva como um todo. “Precisamos do apoio do governo neste momento crítico para que o setor avance em produtividade e competitividade e que, em um futuro breve, consigamos enfrentar o mercado globalizado de forma autônoma”, reforça Palharini.

O Conseleite/RS é composto por entidades que representam toda a cadeia produtiva do leite: Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do RS (SINDILAT/RS), Associação das Pequenas e Médias Indústrias de Laticínios (APIL), Federação dos Trabalhadores na Agricultura (FETAG-RS), Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (FETRAF-RS), Federação da Agricultura do Estado (FARSUL), Associação dos Criadores de Gado Holandês (GADOLANDO), Federação das Cooperativas Agropecuárias (FECOAGRO/RS) e Associação de Criadores de Gado Jersey (ACGJRS).

A análise do Conseleite/RS, com base nos dados do COMEXSTAT, mostra que entre os dez maiores importadores de leite em pó no Brasil em setembro, a maioria são empresas produtoras de chocolates e traders que compram o produto para comercialização e industrialização interna — e não indústrias de laticínios. Isso reforça a urgência de políticas públicas que protejam a produção nacional e estimulem o consumo de leite brasileiro.

A mobilização representa um chamado à ação nacional. Mais do que proteger o leite brasileiro, trata-se de preservar famílias, empregos, tradições e a soberania alimentar. O setor espera que o governo federal reconheça a urgência da situação e implemente medidas que garantam equilíbrio de mercado, justiça competitiva e valorização da produção nacional. (Por Gisele Flores)

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