Segunda-feira, 23 de Junho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 22 de junho de 2025
Em reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, em Nova York, o secretário-geral da organização, António Guterres, pediu que Irã e Israel, além de seus aliados, “deem uma chance à paz”, e disse que o Oriente Médio “não pode suportar outro ciclo de destruição”, como o que se desenha em meio ao conflito iniciado há pouco mais de uma semana, e após os ataques dos EUA contra instalações nucleares iranianas, na madrugada de domingo.
“Nós corremos agora o risco de cair num turbilhão de retaliações. Para evitar isso, a diplomacia deve prevalecer. Os civis devem ser protegidos. A navegação marítima segura deve ser garantida”, disse Guterres, em uma aparente referência à ameaça do Irã de fechar o Estreito de Ormuz, ponto de entrada do Golfo Pérsico e uma rota vital do comércio marítimo, especialmente do setor petroleiro.
Essa foi a terceira reunião emergencial do Conselho de Segurança da Onu para tratar sobre o tema. Na última semana, o órgão já havia se encontrado duas vezes.
“Há dois dias, neste mesmo plenário, fiz um apelo direto: deem uma chance à paz. Esse apelo não foi atendido. Em vez disso, o bombardeio de instalações nucleares iranianas pelos Estados Unidos marca uma reviravolta perigosa em uma região que já está cambaleando”, disse Guterres no Conselho de Segurança.
A sessão desse domingo foi pedida pelo Irã após os bombardeios dos Estados Unidos, no sábado (21), a três instalações nucleares iranianas. O governo de Teerã exige que o Conselho condene os ataques.
Guterres disse que é preciso uma solução credível, abrangente e verificável – que restaure a confiança – inclusive com pleno acesso aos inspetores da Aiea, como autoridade técnica das Nações Unidas neste campo. Ele apontou o Tratado de Não Proliferação Nuclear como um pilar da paz e da segurança internacionais reafirmando que o Irã deve respeitá-lo de forma integral.
O secretário-geral defendeu que todos os Estados-membros ajam segundo suas obrigações sob a Carta da ONU e outras normas do direito internacional.
Retaliação
Já o subsecretário-geral assistente para Assuntos Políticos, Miroslav Jenca, afirmou que uma hora após os ataques americanos, a Guarda Revolucionária Islâmica anunciou ter lançado cerca de 40 mísseis contra Israel.
As autoridades israelenses relataram que mais de 85 pessoas ficaram feridas no bombardeio, e diversas estruturas em Tel Aviv e seus subúrbios ao sul sofreram danos graves, incluindo muitos prédios residenciais e uma casa de repouso.
Uma série de ataques israelenses contra alvos militares no Irã, incluindo Teerã, Tabriz e Yazd, pelas Forças de Defesa de Israel, envolveu 30 caças que atingiram dezenas de alvos militares em todo o Irã. Entre os civis mortos estavam crianças, e houve danos a casas e outras infraestruturas civis
Até sábado, o Ministério da Saúde do Irã confirmou 430 mortes e mais de 3,5 mil feridos devido aos ataques israelenses em todo o território iraniano, a maioria civis. Já Israel relatou que 25 pessoas perderam a vida e outras 1,3 mil ficaram feridas desde o início dos confrontos com o Irã.
Regime de não proliferação
Na reunião, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, Aiea, Rafael Mariano Grossi, disse que o regime de não proliferação que sustenta a segurança internacional por mais de meio século está no limite.
O chefe da Aiea contou que os traumáticos eventos no Irã se tornaram ainda mais graves com os bombardeios da noite de sábado com potencial ampliação do conflito.
Grossi disse que Irã, Israel e o Oriente Médio precisam de paz, e há um caminho para a diplomacia que é o retorno às negociações e permitir que os inspetores da Aiea, como guardiões do TNP, voltem às instalações nucleares do Irã.
A missão do grupo de inspetores inclui acompanhar a prestação de contas “dos estoques de urânio, incluindo, principalmente, os 400 kg enriquecidos a 60%”.
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