Domingo, 08 de Junho de 2025

Home Você viu? Contra fake news, influenciadores de saúde fazem sucesso nas redes sociais

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Cuidar da saúde humana pode ser complexo, porque, além de ser um campo sensível, trata-se de algo que influencia na maneira de agir sobre o próprio corpo. Como consequência, atualmente existe um debate sobre conteúdos compartilhados nas redes que podem ser prejudiciais, tanto física quanto mentalmente.

No entanto, é possível notar um movimento, iniciado principalmente durante a pandemia da covid-19, de influenciadores que trazem informações baseadas em estudos e explicações científicas, e além disso, evidenciam suas fontes. Essas personalidades são parte de uma contracorrente presente em aplicativos e redes sociais que fazem um bom serviço à saúde, também se destacando pela capacidade de angariar visualizações.

A reportagem conversou com algumas dessas personalidades para entender suas perspectivas e qual foi o início da sua trajetória até a produção de conteúdo.

Zé Gota da Silva

Interpretando uma versão mais velha de um dos personagens mais emblemáticos do Brasil, Luke Alencar traz à vida o Zé Gota, versão mais velha do Zé Gotinha, criado pelo artista plástico Darlan Rosa em 1986 para incentivar a vacinação no país.

Explicando temas relacionados à imunização e outros assuntos, os vídeos de Luke buscam informar sobre saúde sem abrir mão do bom humor. Com mais de 900 mil seguidores na plataforma TikTok e 148 mil no Instagram, o ator conta que decidiu fazer a “paródia” após notar o avanço das fake news nas redes sociais. Sua indignação foi o combustível para iniciar a conta.

“A intenção quando criei o meu personagem era me tornar um satélite, projetando a informação primordial que vem, por exemplo, do Ministério da Saúde ou da Organização Mundial de Saúde (OMS). Eu pensei nisso muito antes de me ver como influenciador ou querer alguma projeção”, diz.

A linguagem informal é uma das características: “O Brasil é um dos maiores líderes em automedicação, tá ligado? Rivotril não cura insônia, existem diversos medicamentos para a ansiedade e você precisa de um ‘doutor da mente’ para te ajudar”, diz em um dos vídeos.

Caos sutil

“Informação não é apologia, tá, queridas?”. É como o influenciador e estudante de psicologia José Medina começa a maioria dos seus vídeos no perfil “Caos sutil”.

Abordando cuidados com a saúde mental a partir da psicanálise, ele também fala amplamente sobre a redução de danos no uso de drogas.

Medina traz aos seguidores discussões e reflexões sobre o impacto da utilização de substâncias, enquanto apresenta os diferentes riscos de cada uma ao organismo.

“Eu utilizo uma proposta de reflexão para a pessoa saber que, se quiser usar algo, precisa saber dos impactos antes. A intenção é que esse alguém se prejudique o mínimo possível, sem consequências mais graves para a saúde”, explica.

Segundo ele, que tem 48 mil seguidores e mais de 1 milhão de curtidas no TikTok, foi uma surpresa receber o retorno de desconhecidos.

“Pessoas me procuraram para dizer que iam entrar em abstinência porque perceberam que abusavam muito no uso. Outras dizem que procuraram meu perfil por indicação de profissionais de saúde ou de professores que estão mostrando meu conteúdo para os alunos”, comenta.

“O tipo de substância que você está utilizando é uma ‘perturbadora’ do sistema nervoso central. Olha só! Ela perturba a tua cabeça e faz você ter brisas psicodélicas”, explica sobre o LSD.

“Para produzir eu faço uma busca inicial para ver quais demandas estão mais emergentes, recorro às bases da psicanálise como instrumento teórico e traduzo os conhecimentos para nossas vivências cotidianas. Tento trazer algo sutil. Organizar o caos com pensamento reflexivo de qualidade”, explica o estudante.

A Lei de Drogas, n° 11.343, publicada em 23 de agosto de 2006, criminaliza a apologia ao uso de substâncias. Mas o trabalho dele é, na verdade, minimizar riscos.

“A redução de danos sempre foi de alguma forma criminalizada porque as pessoas muitas vezes entendem erroneamente que era uma apologia ao consumo de drogas. Quando realmente é uma política voltada para o bem-estar da pessoa que tá usando a substância que não vai parar de usar o que não quer parar de usar”,  esclarece a toxicologista Silvia Cazenave, membro da Associação Brasileira de Toxicologia (SBTox) e coordenadora do Grupo Técnico de Trabalho em Toxicologia do Conselho Regional de Farmácia de São Paulo.

Não como só alface

A arte da alimentação baseada em plantas é apenas uma das facetas de Luiza Allan, responsável pelo engenhoso “Não como só alface”. As receitas apresentadas no perfil trazem o extenso potencial dos vegetais e legumes ao serem incluídos na dieta do dia a dia.

O humor misturado com criatividade, tanto na produção quanto na execução dos pratos, pode tornar mais leve a inclusão desses alimentos essenciais. Além disso, Luiza também ensina opções que servem para pessoas com intolerância à lactose ou glúten.

“Caviar de quiabo. Rapaz, esse povo que só come a base de plantas tem cada invenção”, humoriza a influencer em um vídeo onde ensina como preparar o prato.

“As postagens são sempre muito coloridas, muito apetitosas. O objetivo dela não é orientar nutricionalmente, é dar opções de comidas à base de plantas criando pratos gostosos, o que é super positivo”, avalia a nutricionista Priscilla Primi.

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