Sexta-feira, 07 de Novembro de 2025

Home Colunistas COP30 em Belém: o chamado à ação que não pode ser abafado pelo ruído

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Nas últimas 24 horas, recebi pelo menos meia dúzia de mensagens com alertas sobre a COP30. Algumas diziam que os preços praticados no evento são um “roubo”. Outras alertavam que lá dentro não se pode usar cartão nem dinheiro.

Algumas mais alarmistas falavam em assaltos à faca, caos urbano, desorganização. Enfim, o cardápio completo do pessimismo. Mas a pergunta que não quer calar é: qual é a diferença disso para qualquer outro grande evento no Brasil?

Vamos aos fatos. No Hangar 1, um dos espaços da COP30, o almoço executivo custa R$ 40. Em cidades turísticas como Gramado, esse valor mal paga uma sopa. E quanto à segurança? Sim, há desafios. Mas medo de assaltos e violência urbana é uma realidade em qualquer metrópole brasileira. A diferença é que, no Norte, a presença da iniciativa privada e do Estado é historicamente mais frágil, e a desordem social mais visível. Isso, no entanto, não é argumento para desqualificar Belém como sede — é um motivo a mais para que ela seja.

A escolha de Belém do Pará para sediar a COP30 é, por si só, um gesto político e simbólico de enorme potência. É reconhecer que a Amazônia não é apenas um bioma — é um centro estratégico para o futuro do planeta. É trazer o debate climático para onde ele realmente importa. É colocar o Sul Global no centro da mesa.

Sul Global x Norte Global: quem paga a conta?

A COP30 não é uma feira de negócios. É uma conferência de urgência planetária. Seu objetivo é claro: garantir que os países se comprometam com metas climáticas reais, que saiam com um plano de ação concreto e que o financiamento climático encontre os canais certos para chegar ao Sul Global.

Mas o que é o Sul Global? É o conjunto de países em desenvolvimento, muitos deles localizados na América Latina, África e Ásia. São nações que historicamente contribuíram pouco para a crise climática, mas que estão entre as mais vulneráveis aos seus efeitos. É no Sul que estão as florestas tropicais, os povos originários, as maiores reservas de biodiversidade. E é também onde a pobreza estrutural torna os impactos da crise ainda mais cruéis.

Já o Norte Global — os países ricos e industrializados — é responsável pela maior parte das emissões históricas de gases de efeito estufa. Portanto, é sua responsabilidade moral e histórica financiar a transição ecológica do Sul. Não se trata de caridade, mas de justiça climática.

O que realmente importa na COP30

A COP30 é sobre compromissos. Sobre negociações diplomáticas que definirão o futuro do planeta. É sobre saber se os países vão, de fato, sair de Belém com metas mais ambiciosas, com mecanismos de financiamento mais justos, com um plano de ação que não seja apenas retórico.

É sobre saber se o mundo está disposto a agir — e não apenas a discursar.

Por isso, aos meus amigos que se preocuparam com os preços, com a logística, com a segurança, eu agradeço. Mas peço: concentrem-se no que está acontecendo de verdade na COP30. Nos debates. Nos acordos. Nos compromissos. Nas vozes indígenas que finalmente estão sendo ouvidas. Nos jovens que exigem um futuro. Nos cientistas que alertam que o tempo está se esgotando.

Belém é Brasil. E o Brasil é verde

Acreditar que a COP30 já é um “fiasco” ou um “fracasso” antes mesmo de começar é, no fundo, acreditar que o Brasil não pode ser uma potência verde. É desacreditar da nossa capacidade de liderar a transição ecológica global. É tratar o aquecimento global como uma conversa ideológica — quando ele é, na verdade, um fato científico inegociável.

Não vamos cair no erro de julgar um evento planetário com base em achismos, boatos ou vídeos de WhatsApp. Vamos focar na ação. No que está ao nosso alcance. No que cada um de nós pode fazer para garantir que as futuras gerações ainda possam chamar este planeta de lar.

Chegando em Belém: o futuro já está ancorando

Estou chegando em Belém. E já sigo direto para um evento de sustentabilidade onde será apresentada uma embarcação movida a hidrogênio verde — símbolo de um futuro possível, limpo e inovador. Estou aqui atendendo ao chamado para a ação. E ficaria imensamente feliz em ver mais pessoas dando crédito a todos que, de alguma forma, se mobilizaram para tornar este momento inesquecível.

A COP30 é um marco. E pode ser um divisor de águas — se assim quisermos.

Convido você a acompanhar esta coluna no jornal O SUL, onde estarei diariamente trazendo minhas impressões, direto de onde tudo está acontecendo. Vamos juntos entrar nessa corrente de ação. Vamos parar de amplificar o ruído e começar a amplificar a mudança.

Porque o tempo de agir é agora. E Belém é o lugar certo para isso.

Renato Zimmermann – Desenvolvedor de Negócios Sustentáveis e Ativista da Transição Energética

 

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