Segunda-feira, 17 de Novembro de 2025

Home Colunistas COP30 retoma negociações sob forte chuva e clima de urgência diplomática

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A segunda-feira, 17 de novembro, marcou a retomada dos trabalhos da COP30 em Belém, após um domingo de pausa dedicado à programação cultural. Por volta das 15h30, uma intensa chuva tropical com trovoadas desabou sobre o Parque da Cidade, local onde está instalada a conferência.

O temporal afetou especialmente a Blue Zone — área reservada às negociações diplomáticas — que deveria contar com infraestrutura impecável para garantir concentração total dos negociadores. Houve relatos de goteiras, instabilidade elétrica e alagamentos pontuais, gerando desconforto entre delegações e atrasos em algumas sessões.
Apesar dos contratempos, os trabalhos foram retomados com força total.

A COP30 entra agora em sua fase decisiva, com a presença de ministros e chefes de delegação dos 195 países participantes. O presidente da conferência, André Corrêa do Lago, anunciou que o Brasil apresentará hoje o primeiro rascunho de decisão sobre quatro temas centrais: financiamento climático, ambição nas NDCs (Contribuições Nacionalmente Determinadas), medidas comerciais unilaterais e transparência.

Esses pontos são considerados travas históricas das COPs anteriores e fundamentais para destravar um acordo global. Além desses, dois eixos prioritários ganham destaque nesta edição: adaptação às mudanças climáticas e transição justa. Ambos avançam em ritmos distintos.

A adaptação tem sido impulsionada por países vulneráveis, que exigem recursos e tecnologia para enfrentar eventos extremos. Já a transição justa enfrenta resistência de grandes emissores, como a China, que mantém postura cautelosa.

Embora tenha sinalizado apoio à transição energética, o país evita metas mais ambiciosas de redução de emissões sem garantias de financiamento e transferência tecnológica. Delegados chineses têm participado ativamente das sessões, mas evitam compromissos vinculantes.

As negociações seguem uma lógica de camadas: primeiro, os técnicos discutem os termos e redigem propostas; depois, os diplomatas ajustam os textos; por fim, os ministros e chefes de Estado validam os acordos. Para que haja consenso, é necessário que cada etapa avance de forma coordenada. A presidência brasileira reorganizou os horários e ampliou sessões noturnas para acelerar os resultados.

Enquanto a Blue Zone enfrentava os desafios da chuva, a Green Zone — voltada ao público geral — manteve sua programação vibrante. Após um domingo emocionante representando a Fundação Gaia no painel sobre José Lutzenberger, tirei esta segunda-feira para acompanhar palestras sobre bioeconomia, justiça climática e soluções regenerativas. A diversidade de vozes e propostas reforça a importância de integrar saberes tradicionais, ciência e inovação.

A expectativa é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva retorne a Belém na quarta-feira, dia 19, para se reunir com o secretário-geral da ONU, António Guterres, e lideranças internacionais. A presença de Lula pode ser decisiva para destravar pontos sensíveis e garantir um acordo robusto até sexta-feira, quando a COP30 se encerra.

Ao todo, a COP30 contará com 1.800 eventos paralelos, entre painéis, oficinas, exposições e lançamentos. Esses encontros são fundamentais para ampliar o debate, envolver diferentes setores da sociedade e pressionar por compromissos mais ambiciosos. Mesmo diante dos desafios climáticos e diplomáticos, a COP30 segue como um espaço vibrante de construção coletiva — onde cada camada, cada voz e cada proposta contam.

* Renato Zimmermann é desenvolvedor de negócios sustentáveis e ativista da transição energética

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