Terça-feira, 30 de Dezembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 29 de dezembro de 2025
O presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, disse que a companhia tentará captar mais R$ 8 bilhões em 2026, como parte de seu plano de reestruturação, e que ainda será definido se os recursos serão obtidos via aporte do Tesouro Nacional.
A estatal já assinou contrato de empréstimo de R$ 12 bilhões com bancos públicos e privados, mas o pleito inicial era de R$ 20 bilhões em créditos. “Permanece a necessidade de captação de R$ 8 bilhões”, disse Rondon à imprensa ao apresentar o plano de reestruturação dos Correios.
As medidas de ajuste fazem parte do compromisso fechado pelos Correios com bancos e governo federal de voltar a ter contas no azul a partir de 2027. “Essa necessidade de captação [de R$ 8 bilhões] vai ser vista em 2026. Se a melhor opção é aporte [do Tesouro] ou outra operação de crédito, não está definido ainda”, disse o presidente.
As ações de reestruturação da empresa incluem a regularização de dívidas com fornecedores e bancos, um novo PDV (programa de demissão voluntária) para desligar 15 mil empregados em 2026 e 2027, venda de imóveis, fechar cerca de 1.000 agências, a reformulação da estrutura de cargos e salários e também do plano de saúde da companhia, entre outras iniciativas.
A empresa prevê poupar até R$ 4,2 bilhões em despesas ao ano com a implementação das medidas de ajuste. O impacto pleno será percebido só a partir de 2029. Antes disso, o ganho líquido será menor, devido à necessidade de investir em incentivos para o PDV e compensações ao plano de saúde, mas haverá um crescimento gradual.
Rondon afirmou que “em cenário de estresse” e sem nenhuma correção, o resultado negativo dos Correios pode alcançar R$ 23 bilhões em 2026.
A companhia também diz que identificou déficit estrutural superior a R$ 4 bilhões anuais, patrimônio líquido negativo de R$ 10,4 bilhões e prejuízo acumulado de R$ 6,057 bilhões até setembro de 2025, “além da queda acentuada nos indicadores de qualidade e liquidez”.
O plano de reestruturação tem três fases. A primeira visa recuperar o caixa da estatal e tem como pilar o empréstimo de R$ 12 bilhões.
As fases seguintes buscam “reorganizar e modernizar” a estatal, além de “preparar o crescimento”. Na última etapa, os Correios preveem investimentos de R$ 4,4 bilhões entre 2027 e 2030, com financiamento do Banco dos Brics, “destinados à automação de centros de tratamento, renovação e descarbonização da frota, modernização da infraestrutura de TI e redesenho da malha logística”, segundo nota da estatal.
A estatal afirma que fechará cerca de 20% de suas agências. Rondon disse que irá observar “resultado e cumprimento da universalização” dos serviços ao definir a lista de unidades impactadas.
Os Correios também buscam parcerias com outras empresas e estudam até mesmo a possibilidade de, no futuro, abrir o capital, transformando-se em uma sociedade de economia mista, mantido o controle da União —como já ocorre com Petrobras e Banco do Brasil, por exemplo.
“Hoje não tem olhar sobre privatização, mas tem sobre parcerias inclusive societárias. Existem exemplos de sociedade de economia mista, que funcionam. Exemplos de parcerias, em que não há sociedade mista, mas parcerias importantes, como em negócios financeiros da seguridade”, disse Rondon.
“A gente está bem aberto, não tem definição de que tipo de parceria será feita”, afirmou ainda.
Segundo Rondon, um dos principais desafios da companhia é reduzir gastos com a folha salarial, que respondem por mais de 60% das despesas da empresa. “Isso gera uma rigidez para fazer alguma correção de rota quando o mercado exige.”
Ele ainda afirmou que, no cenário atual, empresa tem uma “insuficiência de caixa”, que gera um ciclo de postergação de pagamentos e compromissos contratuais, queda da qualidade da operação e das receitas. Rondon também afirmou que o plano de saúde dos Correios “está em revisão”. “Tem cobertura boa, mas é insustentável para a empresa. Isso precisa ser equacionado.”
Em nota, o presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), Vital do Rêgo afirmou que o órgão irá acompanhar de forma “contínua e simultânea” o plano de reestruturação. “A fiscalização ocorrerá no âmbito da força-tarefa criada para analisar riscos fiscais nas empresas estatais federais, e suas conclusões subsidiarão a apreciação das contas de governo de 2025.”
O empréstimo fechado com os bancos terá a garantia do Tesouro Nacional, que honrará os pagamentos em caso de inadimplência, e está diretamente vinculado ao plano de reestruturação. A operação é considerada uma espécie de ponte para uma nova situação da empresa, que hoje enfrenta grave problema de caixa.
Em 19 de dezembro, a estatal conseguiu pagar em dia o 13º salário dos empregados, mas precisou empurrar outras despesas, já que o crédito dos bancos ainda não havia sido liberado. O contrato foi efetivamente assinado apenas na sexta-feira (26), com a publicação do extrato da operação na manhã de sábado (27) em edição extra do DOU (Diário Oficial da União). Com informações do portal Folha de São Paulo.