Sexta-feira, 07 de Novembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 18 de junho de 2023
O corte de 4,6% no preço do litro da gasolina nas refinarias, anunciado pela Petrobras, deve ajudar a puxar para baixo a inflação nos meses de junho e de julho; mas terá pouco ou nenhum impacto no resultado da inflação anual. A análise partiu de André Braz, economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) responsável pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da fundação.
Braz detalhou que o corte no preço da gasolina nas refinarias deve levar a redução de 1,5% no litro da gasolina nas bombas. Ele lembrou que a gasolina compromete cerca de 5% do total do orçamento familiar mensal.
Assim, levando em conta o peso da gasolina na cesta de consumo, bem como magnitude da redução do combustível, isso na prática deve levar a diminuição de 0,08 ponto percentual (p.p.) no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em suas taxas de junho e de julho. O indicador, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), representa a taxa oficial de inflação do país.
Braz explica que o impacto do combustível mais barato será sentido pela taxa inflacionária em dois meses diferentes devido ao dia do anúncio feito pela Petrobras. “Como estamos em 15 de junho [quando foi anunciado], isso não vai impactar o IPCA-15 por exemplo”, afirmou ele. Braz se refere à prévia do IPCA, também calculada pelo IBGE, que tem coleta de preços até o dia 15 de cada mês.
Portanto, continuou ele, a influência será dividida entre as taxas de inflação dos meses de junho e de julho, sendo 0,04 p.p. de impacto de redução no IPCA deste mês; e de 0,04 p.p. a menos, na taxa do próximo mês.
Impacto no IPCA
Mas o economista não acredita que o corte no preço da gasolina, anunciado pela Petrobras, vai impactar o resultado do IPCA anual de 2023. Ele lembrou que, no dia 1º de julho está prevista a volta integral da cobrança de impostos federais (PIS/Cofins e Cide) sobre gasolina e o etanol.
Essa cobrança foi zerada no período eleitoral pelo antigo governo de Jair Bolsonaro e mantida parcialmente pelo atual governo, até o dia 30 de junho, via medida provisória. O especialista calcula que, com efeito dos impostos, isso vai conduzir a um aumento entre 8% e 10% no preço da gasolina nos postos de combustíveis. “Acho que o consumidor nem vai sentir esse corte da gasolina”, afirmou.
Assim, o técnico manteve previsão do IPCA de 2023 para em torno de 5,3%, na taxa anual. O especialista lembrou que, no começo do ano, era esperado, por ele e pelo mercado, uma taxa maior, em torno de 6% para o resultado da inflação oficial do país em 2023. No entanto, resultados recentes de indicadores inflacionários mostram recuos e desacelerações de preços recentes, no varejo, de alimentos, bens duráveis e serviços livres.
Esse processo desinflacionário ocorreu em intensidade mais forte do que o estimado pelo mercado no início deste ano. No entendimento de Braz, o movimento de preços mais baixos, nesses três produtos e serviços, levou os analistas a reduzirem projeções para IPCA de 2023 – e não os cortes de preço de combustível efetuados pela Petrobras, assinalou ele.
Ainda segundo o economista, no IPC da FGV, o corte da gasolina terá mesmo impacto do observado no IPCA. Ou seja: decréscimo de 0,04 p.p. nas taxas dos IPCs do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) de junho e de julho. O IPC representa 30% do total dos Índices Gerais de Preços (IGPs) da fundação. Dentro do IPC, indicador da inflação do varejo, a gasolina também tem peso de 5%, assim como no IPCA.