Sexta-feira, 03 de Maio de 2024

Home em foco Covid longa pode ser causada pela persistência do coronavírus no organismo

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Os pacientes recuperados da covid podem abrigar o coronavírus em suas fezes por meses após a infecção, disseram pesquisadores da Universidade de Stanford, na Califórnia. A descoberta aumenta a preocupação de que persistência do vírus no organismo possa agravar o sistema imunológico e causar sintomas duradouros da Covid.

No maior estudo de rastreamento do RNA do SARS-CoV-2 em fezes e sintomas da Covid-19, cientistas da Universidade de Stanford descobriram que cerca de metade dos pacientes infectados liberam vestígios do vírus em seus resíduos na semana após a infecção e quase 4% dos pacientes ainda os emitem sete meses depois.

Os pesquisadores também associaram a presença do RNA do coronavírus nas fezes a distúrbios gástricos e concluíram que o SARS-CoV-2 provavelmente infecta diretamente o trato gastrointestinal, onde pode se esconder. “Isso levanta a questão de que infecções contínuas em partes ocultas do corpo podem ser importantes para a Covid-19 por muito tempo”, disse Ami Bhatt, autora sênior do estudo publicado on-line na revista Med e professora associada de medicina e genética em Stanford.

Segundo ela, o vírus persistente pode invadir diretamente as células e danificar os tecidos ou produzir proteínas que afetam o sistema imunológico.

Ninguém sabe ainda o que causa a constelação de sintomas pós-Covid, muitas vezes chamados de Covid longa, que afligem de 5% a 80% das pessoas após uma infecção por SARS-CoV-2. É possível que pelo menos quatro mecanismos biológicos diferentes levem a condições ou subtipos distintos de Covid longa, disse Akiko Iwasaki, professor de imunobiologia e biologia molecular, celular e do desenvolvimento da Universidade de Yale.

“A Covid longa provavelmente são várias doenças diferentes”, disse Iwasaki, na semana passada, em uma entrevista em seu laboratório em New Haven, Connecticut.

Em uma dessas formas, o SARS-CoV-2 persistente pode desencadear uma resposta imunológica prejudicial que leva a doenças que podem ser reprimidas com medicamentos que atacam o vírus, disse ela.

“Ouvi histórias de pessoas se recuperando da Covid longa após antivirais ou [anticorpos] monoclonais”, disse Iwasaki, que quer colaborar em estudos clínicos de possíveis terapias.

“Estou muito animada com a possibilidade de testar antivirais diretos e anticorpos monoclonais [contra a Covid longa]”, disse ela.

Crianças

Há cada vez mais evidências de que as crianças sofrem os efeitos da covid longa, mas de formas que podem ser diferentes dos adultos.

Antes de ficarem doentes, as crianças atendidas pelo pediatra Danilo Buonsenso no Hospital Universitário Gemelli, em Roma, na Itália, eram ativas e animadas. A maioria praticava esportes e participava de atividades depois da aula na escola, até pegar covid-19.

Meses após terem aparentemente se recuperado da infecção viral inicial, as crianças seguiram sofrendo com uma série de sintomas que as impedem de retomar sua vida normal. “A maioria das crianças que eu vi era completamente saudável antes da covid. Elas praticavam esportes e atividades fora da escola”, afirma Buonsenso.

“E, agora, elas não conseguem voltar para sua rotina escolar normal porque têm dor de cabeça ou dificuldade de concentração depois de algumas horas.”

Buonsenso foi o primeiro médico a pesquisar se as crianças seriam vulneráveis à covid longa. Como muitos pediatras, ele observou crianças com sintomas persistentes de fadiga, insônia, dor nas articulações, problemas respiratórios, erupções na pele e palpitações cardíacas, que podem permanecer por meses depois de debelada a infecção.

Buonsenso afirma que é fundamental que as crianças não sejam deixadas para trás nos estudos de doenças pós-covid. Ele indica que, da mesma forma que acontece com os adultos, mesmo as crianças que são assintomáticas ou apresentam a forma leve da doença podem desenvolver problemas duradouros.

Acreditava-se que as crianças, de forma geral, seriam menos vulneráveis aos efeitos de longo prazo da covid-19 e que, quanto mais novas, menor seria o risco. O motivo poderia ser o fato de que as crianças mais novas possuem menos receptores ACE2 — a porta de entrada que o vírus usa para invadir as nossas células pelo nariz e pelo trato respiratório.

Mas o surgimento da variante ômicron — que é mais infecciosa que as formas anteriores do vírus da covid-19 — e da sua nova subvariante BA.2, aumentou em muito a proporção de crianças infectadas pelo vírus.

 

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