Sexta-feira, 13 de Junho de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 11 de junho de 2025
Uma tela na palma da mão. Um clique. Uma visualização em um conteúdo inadequado. Muitas vezes, esses são os elementos que transformam brincadeiras inocentes, que começam como curiosidade, em tragédia. Os desafios perigosos presentes nas redes sociais têm deixado famílias em estado de alerta — e escancarado o risco ao qual crianças e adolescentes correm todos os dias, dentro de casa, quando estão conectados à internet sem supervisão dos responsáveis.
Desafios em redes sociais com incentivo à inalação de aerossóis, o sufocamento, a automutilação, o consumo de substâncias tóxicas ou ações arriscadas em nome de curtidas e visualizações se espalham entre os jovens como uma corrente silenciosa. Em muitos casos, a brincadeira viral começa sem que os pais sequer saibam. E, às vezes, não dá tempo de intervir.
Em abril, uma menina de 8 anos foi a vítima da vez. Sarah Raíssa Pereira teria participado do chamado “desafio do desodorante” — e morreu após inalar o produto. O episódio, investigado pela Polícia Civil (PCDF), é só um de uma série de casos envolvendo práticas absurdas, mas infelizmente comuns na lógica de engajamento das redes sociais.
Por trás desse panorama está uma cultura digital que, por vezes, premia o absurdo. Quanto mais chocante o vídeo, maior e a veiculação. Quanto mais extremo o desafio, mais ele atrai — especialmente jovens em fase de desenvolvimento emocional e sem maturidade para identificar ameaças ou resistir à pressão do grupo.
Professora de psicologia do Centro Universitário de Brasília (Ceub), Izabella Melo destaca que essa combinação é perigosa, pois ocorre num momento sensível que marca a infância e a adolescência.
“Crianças e adolescentes estão em processo de formação da identidade, da moralidade, da visão de mundo. E, hoje, boa parte dessas experiências passa pelas redes sociais”, afirma.
O contato virtual entre pares — pessoas da mesma faixa etária ou com interesses parecidos — pode até parecer inofensivo, mas traz consigo perigos graves.
“Muitas vezes, ao aceitar participar de desafios perigosos, o jovem está tentando garantir um lugar naquele grupo, evitar a exclusão. O peso desse fator é enorme nessa fase da vida”, explica. Ela ressalta que o cérebro em desenvolvimento ainda não tem todas as habilidades cognitivas formadas. Isso limita a capacidade de avaliar riscos com clareza.
Sobre os caminhos para proteção, Izabella defende um esforço coletivo e estruturado, desde a regulamentação das plataformas até mudanças na vida cotidiana. “É preciso criar condições para que os pais estejam presentes. Isso também envolve políticas públicas que melhorem transporte, trabalho, segurança. Famílias com tempo e estrutura conseguem acompanhar melhor a vida digital dos filhos”, pontua. Com informações do jornal Correio Braziliense.
No Ar: Pampa Na Madrugada