Terça-feira, 27 de Maio de 2025

Home Brasil Crise do IOF mostra “fogo amigo” dentro do governo, Planalto avalia que anúncio de aumento do tributo foi “tiro no pé”

Compartilhe esta notícia:

A crise em que o governo está mergulhado por causa do anúncio de cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em fundos de investimento no exterior, seguido de um recuo após a repercussão negativa, acirrou o “fogo amigo” no governo, com o ministro Fernando Haddad (Fazenda) no centro do tiroteio, informa Vera Rosa. No Palácio do Planalto, assessores com acesso ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva consideraram o anúncio um “tiro no pé”. Para a Casa Civil, a Fazenda escondeu o jogo. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, não foi informado antes sobre o IOF. A equipe econômica alega que a Casa Civil estava ciente. Auxiliares de Haddad criticam a Secom, comandada por Sidônio Palmeira, que estaria se apresentando sempre como a solucionadora de crises.

A decisão do Ministério da Fazenda de anunciar a cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em operações de fundos de investimento no exterior, divulgada após o anúncio do corte de gastos, foi considerada um “tiro no pé” pelo Planalto, segundo assessores com acesso ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Tanto é assim que, ainda na noite de quinta-feira, depois da reação negativa de analistas e do mercado, o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Sidônio Palmeira, participou de uma reunião de emergência no Planalto em que foi traçada a estratégia para o recuo da Fazenda – anunciado pouco antes da meia-noite da própria quinta-feira.

A avaliação foi de que não havia como perder tempo. Era preciso agir rápido para mudar o decreto anunciado horas antes e estancar os danos em um momento no qual o governo já enfrenta a crise provocada pelos descontos indevidos nas aposentadorias do INSS. Candidato à reeleição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem sofrido com a queda de popularidade e alto índice de desaprovação do governo.

Foi do próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a decisão de voltar atrás e revogar parte da medida referente à cobrança do IOF. No voo de Brasília para São Paulo, no fim do dia, Haddad recebeu vários telefonemas de executivos do mercado financeiro.

Ao responder aos chamados, após pousar na capital paulista, ouviu dos interlocutores com quem mantém contatos frequentes que a cobrança de IOF sobre remessas de fundos de investimento ao exterior estava passando a mensagem oposta à pretendida pelo governo. A leitura foi de que o Executivo tentava, disfarçadamente, emplacar o controle de capitais, medida que prejudicaria os investimentos, justamente no dia em que o mercado havia aplaudido o congelamento de R$ 31 bilhões de despesas no Orçamento.

Por volta de 20h, Haddad telefonou para Bruno Moretti, secretário especial da Casa Civil, após fazer reuniões virtuais com sua equipe. O ministro avisou o secretário de que haveria mudanças no decreto. Avaliou que a taxação dos fundos de investimento havia sido um erro.

Haddad também falou por telefone com Sidônio, que, àquela altura, já havia conversado com Lula. O chefe da Secom também se reuniu com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e com a titular de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e integrantes da área jurídica para tratar do assunto.

Eram 23h31 quando Haddad postou nas redes sociais o recuo da decisão de cobrar IOF sobre as remessas de fundos de investimento ao exterior. De início, a ideia era divulgar a nova decisão apenas na manhã de ontem, mas todos concordaram que seria melhor não dar margem a novas especulações. As informações são do portal Estadão.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Brasil

Com trapalhada no IOF, governo terá de gastar mais energia da ala política do Planalto para tentar destravar a pauta do Congresso
Uma “implosão do processo de licenciamento ambiental”, é como ambientalistas definem o projeto de lei aprovado no Senado
Deixe seu comentário
Baixe o app da RÁDIO Pampa App Store Google Play

No Ar: Pampa Na Tarde