Sábado, 16 de Agosto de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 16 de agosto de 2025
Estamos nos aproximando de mais um aniversário da Campanha da Legalidade — um dos capítulos mais marcantes da história política brasileira. Em agosto de 1961, quando o Brasil viveu a iminência de um rompimento institucional com a renúncia do presidente Jânio Quadros, foi Leonel Brizola, então governador do Rio Grande do Sul, quem se colocou à frente da defesa da Constituição. Instalado no Palácio Piratini, com o microfone da Rádio Guaíba e da Cadeia da Legalidade, Brizola convocou o povo, as forças armadas e os democratas de todo o país a resistirem contra qualquer tentativa de golpe.
A Legalidade foi mais do que um ato político: foi uma lição de soberania popular. Não se tratava apenas de garantir a posse do presidente Jango, mas de afirmar que a vontade expressa nas urnas e as regras da democracia não poderiam ser rasgadas ao sabor de interesses de grupos ou pressões externas.
Se olharmos para o Brasil de hoje, perceberemos que a luta pela soberania não ficou no passado. Ela apenas mudou de forma. A disputa que antes se dava contra tanques e quartéis, hoje também se trava nos campos da economia, da tecnologia, do meio ambiente e até da comunicação. A soberania brasileira está à prova quando se tentam impor ao país decisões econômicas que sacrificam nossa indústria, quando nossa produção agrícola é alvo de barreiras comerciais injustas, quando o controle de dados estratégicos é entregue a empresas estrangeiras ou quando as riquezas naturais — do pré-sal à Amazônia — se tornam moeda de troca em acordos internacionais que pouco nos favorecem.
O mundo vive um tempo de reconfiguração de poder. Guerras, disputas comerciais, pressões diplomáticas e revoluções tecnológicas redesenham fronteiras invisíveis. Nesse cenário, um país que não defende seus interesses acaba por ver suas decisões tomadas em outras capitais. Foi contra esse destino que Brizola ergueu sua voz em 1961, e é contra esse risco que precisamos estar atentos em 2025.
A Legalidade nos ensinou que a soberania não é um dado garantido; ela precisa ser conquistada e defendida todos os dias. Hoje, essa defesa exige não apenas coragem política, mas também planejamento econômico, autonomia tecnológica, investimento em ciência, fortalecimento das forças armadas e valorização da diplomacia independente.
Quando Brizola conclamou o povo a resistir, sua mensagem era clara: a Constituição estava acima de qualquer imposição, e o Brasil pertencia aos brasileiros. Sessenta e quatro anos depois, a essência dessa mensagem permanece urgente. Cabe a nós, herdeiros dessa história, garantir que a soberania do Brasil não seja apenas lembrada em datas comemorativas, mas vivida na prática, nas decisões que tomamos como nação.
Guto Lopes é comunicador da Rede Pampa
No Ar: Show de Notícias