Quinta-feira, 28 de Março de 2024

Home em foco De volta à Câmara dos Deputados, ex-ministros trocam sessões e votações por agendas de pré-campanha

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Candidato ao governo do Rio Grande do Sul, o deputado Onyx Lorenzoni (PL) faltou à sessão da Câmara na última quinta-feira. No mesmo dia, entretanto, ele fez questão de prestigiar a cerimônia de posse da nova executiva municipal do seu partido em Porto Alegre. Com a palavra, tratou da própria caminhada eleitoral.

“Depois de sete mandatos, eu venho para essa lida como missão. Quero devolver para cada gaúcho todo o carinho e apoio que recebi durante esses anos. É hora de mostrar que o que foi feito no Brasil pode ser feito aqui — afirmou o deputado, que não precisaria estar em Brasília, já que a sessão era semipresencial.

O episódio sintetiza a recente trajetória dos ex-ministros que deixaram o atual governo para disputar o pleito deste ano. Assim como Onyx, que ocupou as pastas da Cidadania, Casa Civil e do Trabalho durante a gestão de Jair Bolsonaro, personagens como João Roma (ex-Cidadania), Tereza Cristina (ex-Agricultura) e Flávia Arruda (ex-Secretaria de Governo) têm tido atuações discretas no Parlamento. Ausências em sessões e falta de registros em votações da Câmara contrastam, porém, com o empenho empregado nas suas agendas de campanha.

Ao todo, Flávia deixou de votar em 44 das 74 deliberações de matérias da Casa até agora. Onyx não votou em 33 delas, Roma em 24 e Tereza Cristina em 17. O levantamento leva em conta sessões entre os dias 31 de março e 5 de maio.

Postulante ao governo da Bahia, Roma (PL) não registrou presença na Câmara do dia 18 de abril, data em que participou de ato no Legislativo Municipal de Salvador, em comemoração ao bicentenário da Independência do Brasil. Na ocasião, ele enalteceu o governo do qual fez parte.

“Nós temos um governo que está lutando por um país cada vez mais livre. Queremos o nosso estado livre, mais uma vez, com a força e a união do povo, da mordaça dos governos tiranos”, disse, em suas redes sociais.

Flávia Arruda faltou a cinco sessões. Ela alegou que passou por uma cirurgia e enviou atestado à Câmara, justificando a sua ausência em quatro dessas reuniões. Na última quarta-feira, a deputada e candidata a senadora pelo PL do Distrito Federal estava em um evento no Palácio do Planalto no meio da tarde, enquanto a Câmara realizava sessão semipresencial para discutir projeto que estabeleceu o piso salarial para enfermeiros. Ainda assim, ela conseguiu votar a favor da proposta, mas esteve ausente na análise do projeto que isenta Imposto de Renda para arrendamento de aeronaves, no fim daquele dia.

Tereza Cristina (PP), por exemplo, marcou presença na sessão de 18 de abril, mas não votou nenhuma proposta da pauta. No mesmo dia, ela participou de entrega de mais de 350 equipamentos agrícolas no Mato Grosso do Sul, estado pelo qual vai concorrer ao Senado.

“Quanta emoção em poder contribuir com a agricultura familiar do meu Mato Grosso do Sul! Como deputada federal, destinei mais de R$ 23 milhões em emendas parlamentares”, comemorou Tereza, nas redes sociais.

O comportamento desses parlamentares não é novo. Ao longo da pré-campanha, congressistas em buscam a reeleição costumam intensificar as agendas em seus Estados. Pelas regras da Câmara, as faltas só são descontadas do salário quando o deputado não as justifica. Do contrário, não há impacto financeiro a eles. Procurados, Roma, Onyx e Tereza Cristina não se pronunciaram.

Cabo eleitoral de luxo

Empenhado em eleger os integrantes de sua tropa de choque, Jair Bolsonaro tem enaltecido frequentemente os ex-ministros candidatos. Na semana passada, durante evento no Pará, ele citou Damares Alves (ex-Direitos Huamanos e postulante ao Senado pelo Republicanos do DF) e o ex-titular da Infraestrutura Tarcísio Gomes (PL), na briga pelo Palácio dos Bandeirantes.

“Não está presente aqui, por exemplo, o Tarcísio, da Infraestrutura. Falta aqui também a querida Damares. Faltam mais oito ministros, mas eles estão, neste momento, engajados em outra frente de batalha”, afirmou.

No dia 22 de abril, em Porto Seguro, Bolsonaro levou JRoma, que permaneceu durante todo o tempo no palco. Já em Minas Gerais, no dia 14 de abril, o presidente lembrou de Tereza Cristina e disse que o atual ministro da Agricultura, Marcos Montes, “tinha a difícil tarefa de substituí-la”.

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