Sexta-feira, 07 de Novembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 18 de junho de 2023
Após a revelação de que a Polícia Federal (PF) encontrou no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), um “roteiro de golpe” que incluía o afastamento dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e a nomeação de um interventor, a defesa do ex-presidente afirma que ele “jamais participou de qualquer conversa sobre um suposto golpe de Estado”.
Veja a nota da defesa enviada para a imprensa:
– “Os novos diálogos revelados pela revista Veja comprovam, mais uma vez, que o presidente Bolsonaro jamais participou de qualquer conversa sobre um suposto golpe de Estado. Registramos, ainda, que o ajudante de ordens, pela função exercida, recebia todas as demandas – pedidos de agendamento, recados etc – que deveriam chegar ao presidente da República. O celular dele, portanto, por diversas ocasiões se transformou numa simples caixa de correspondência que registrava as mais diversas lamentações.”
No celular de Mauro Cid, teria sido encontrado um “roteiro de golpe”, que incluía o afastamento dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski e a nomeação de um interventor para restaurar a “ordem constitucional”.
Além disso, foram identificadas mensagens do coronel Jean Lawand, sugerindo o golpe. O conteúdo trazia pedidos de Lawand para que Cid convencesse Bolsonaro a ordenar uma intervenção militar no país, após a derrota nas eleições para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na semana passada também foi divulgada a informação de que uma suposta minuta de um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e textos que seriam destinados a dar suporte ao governo em um eventual golpe de Estado foram encontrados pela PF no celular de Cid.
A GLO é uma operação militar que permite exclusivamente ao presidente da República convocar as Forças Armadas nos casos em que há o esgotamento das forças tradicionais de segurança pública em graves situações de perturbação da ordem.
Mauro Cid
A revelação de uma minuta para decretação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e novas mensagens golpistas no celular de Mauro Cid, aumentaram as chances do coronel ser expulso do Exército. A legislação determina que militares condenados a mais de dois anos na Justiça comum tenham sua permanência na Força analisada e decidida pelo Superior Tribunal Militar (STM) durante o chamado “processo de indignidade e incompatibilidade para o oficialato”.
Esse é o provável futuro que Cid vai enfrentar, já que é alvo de uma série de processos no Supremo Tribunal Federal (STF), que vão da entrada irregular de joias da Arábia Saudita aos atos golpistas de 8 de janeiro, segundo informações apuradas pela jornalista Bela Megale.
A avaliação de membros das Forças Armadas e do STM é que a pressão política para expulsão do coronel será elevada. A avaliação de integrantes de alta patente das Forças Armadas é que Mauro Cid errou mais uma vez ao não estabelecer freios nas mensagens golpistas que recebeu em seu celular após a derrota de Bolsonaro nas urnas.
Atualmente, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro responde a várias ações na Justiça comum, sendo impedido de ser transferido ou promovido, assumir comando de tropas ou ter qualquer progressão de carreira no Exército.
O coronel está preso desde maio, mas sua família segue com residência na Vila Militar e ele permanece recebendo salário.