Terça-feira, 14 de Outubro de 2025

Home em foco Depoimentos e novas apreensões mostram, passo a passo, a articulação que levou ao 8 de janeiro

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Em dezembro do ano passado, ninguém sabia ao certo o que presidente Jair Bolsonaro planejava para o futuro. Derrotado nas urnas, não concedeu mais entrevistas, desapareceu das redes sociais e se isolou no Palácio da Alvorada. Pessoas próximas diziam que ele estava deprimido e inconformado. Só existia uma explicação plausível para a vitória que era tida como certa e não veio: fraude. Uma parte do entorno do presidente ajudava a alimentar essa suspeita.

Documentos colhidos e depoimentos prestados até o momento em investigações que miram Jair Bolsonaro (PL) e seu entorno — seja no âmbito dos inquéritos dos atos antidemocráticos ou na CPI do Congresso aberta para apurar o 8 de janeiro — trouxeram à tona mais detalhes e novas provas que ajudam a compor o quebra-cabeça das investidas golpistas que antecederam e levaram aos ataques aos prédios dos três Poderes em Brasília.

A trama se conecta ainda a declarações públicas de Bolsonaro com ataques ao sistema eleitoral brasileiro e ameaças a membros do Supremo Tribunal Federal (STF), uma marca da sua retórica antes e depois das eleições presidenciais do ano passado e que já o tornou inelegível nos próximos oito anos.

As alegações feitas pelo hacker Walter Delgatti Neto, que atribuiu ao ex-presidente orientações para manipular urnas eletrônicas, são as acusações mais recentes a compor a trama.

Outros personagens também foram centrais para as investigações. Buscas e apreensões que miraram o ex-ministro da Justiça Anderson Torres revelaram, em janeiro, a existência de uma minuta golpista com o objetivo de reverter o resultado da eleição. Documentos com outros planos para o mesmo fim foram encontrados no celular do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o coronel Mauro Cid, como uma minuta de um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e “estudos” que, segundo os investigadores, eram destinados a dar suporte a um eventual golpe de estado.

Já o senador Marcos do Val (Podemos-ES) relatou um encontro sigiloso, em dezembro, com a presença do ex-presidente, no qual foi abordado um plano para gravar clandestinamente o ministro Alexandre de Moraes, do STF. Em outra frente, a PF prendeu Silvinei Marques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), e apontou suspeitas de que a corporação fez propositalmente mais blitzes em regiões onde Lula teve melhor desempenho no primeiro turno da disputa presidencial de 2022, com objetivo de afetar a votação de segundo turno.

Generais

O relatório “Forças Armadas como poder moderador” revela ainda que militares golpistas foram fundo no projeto de convocar Exército, Marinha e Aeronáutica para derrubar a democracia.

Chamam atenção alguns pontos: a hora em que o o subchefe do Estado-Maior do Exército, coronel Jean Lawand diz que seu colega de farda – o general Edson Skora Rosty (subcomandante de Operações Terrestres) – afirmou que, se o Exército recebesse a ordem, iria cumpri-la prontamente.

Rosty ainda teria dito algo que é a chave para entender a contaminação do Exército: “Se a cúpula do EB não está com ele, de divisão para baixo está”. Ou seja, os generais de divisão ou conhecidos por terem três estrelas. O posto é intermediário entre os generais de brigada e do exército.

Ocorre que são eles que colocam a mão na massa. Ou melhor: que comandam uma grande unidade militar podendo somar um efetivo entre 10 mil e 20 mil homens.

E hoje onde está esse possível defensor do golpe, o general Edson Skora Rosty? Praticamente na mesma função. Portanto, o Exército continua protegendo os seus, independentemente do que façam – assim como ocorreu na ditadura militar.

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