Quarta-feira, 22 de Outubro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 13 de abril de 2025
O líder do União Brasil na Câmara dos Deputados, Pedro Lucas Fernandes (MA), afirmou nesta sexta-feira (11) que ainda vai discutir com a bancada de seu partido se aceitará ou não entrar no governo Lula (PT), um dia após a ministra Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais) anunciar que o parlamentar seria o novo ministro das Comunicações do governo.
Em nota divulgada nas redes sociais, Pedro Lucas diz que recebeu com respeito e senso de responsabilidade o convite do presidente da República e que “qualquer definição será construída coletivamente”.
“Não tomarei nenhuma decisão sem antes ouvir os deputados e deputadas que confiam no meu trabalho e com quem compartilho, diariamente, a construção de uma agenda em defesa do país”, escreveu o deputado.
Na quinta-feira (10), Gleisi anunciou o nome de Pedro Lucas no ministério após uma reunião com o presidente Lula, o ministro Rui Costa (Casa Civil), o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), o ex-ministro Juscelino Filho (União Brasil-MA) e o próprio parlamentar no Palácio da Alvorada.
Juscelino deixou o governo na terça (8), após ser denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República), sob acusação de corrupção passiva e de outros crimes relacionados a suposto desvio de emendas.
Em fala a jornalistas, Gleisi disse que o deputado pediu para assumir o ministério após o feriado da Páscoa para “encaminhar questões pessoais de mandato e em relação à liderança da bancada”.
Gleisi reiterou nesta à Folha de São Paulo o que havia informado no dia anterior: que o União Brasil ofereceu o nome do parlamentar, Lula reafirmou o convite, o deputado aceitou e pediu que nomeação ocorresse após a Páscoa para que ele pudesse resolver questões pessoais e da liderança.
Parte da cúpula do partido e da bancada na Câmara tenta demover o líder de ingressar o governo para evitar um processo de sucessão na liderança que pode gerar mais ruídos na sigla —que é marcada por divisões internas, com nomes mais oposicionistas e mais governistas.
No grupo de WhatsApp da bancada do partido, ao menos 19 deputados pediram, até o começo da tarde desta sexta, para que Pedro Lucas permanecesse no cargo de liderança. Dois aliados do parlamentar dizem que se esse número crescer, será difícil justificar a sua ida ao ministério.
Em resposta à nota divulgada pelo líder, parlamentares da ala oposicionista e governista elogiaram a postura do deputado e disseram que caberá a ele decidir sobre o seu futuro —mas também fizeram um apelo para que ele considerasse ficar onde está, para evitar novas divergências internas. O União Brasil tem a terceira maior bancada da Câmara, com 59 deputados.
Parlamentares dizem que Alcolumbre pressiona para emplacar Juscelino na liderança da Câmara. Deputados dizem, no entanto, que o ex-ministro não tem votos necessários para ser eleito líder, levantando dúvidas se Pedro Lucas deve deixar o posto.
De acordo com relatos de deputados do União Brasil, Juscelino já procurou colegas do partido para pedir apoio ao seu nome na disputa pela liderança. O processo que levou Pedro Lucas ao cargo de líder se arrastou por três meses, até o início do ano, diante da falta de consenso em torno de seu nome. Agora, já são discutidas nos bastidores candidaturas de nomes como Mendonça Filho (PE), Damião Feliciano (PB) e Moses Rodrigues (CE).
Desses nomes, Mendonça Filho é da ala oposicionista e crítico ferrenho da gestão petista. Há uma avaliação entre nomes próximos de Pedro Lucas de que ele poderá ajudar mais o governo permanecendo na liderança, evitando, assim, a ascensão de um parlamentar de oposição ao posto.
Um aliado do deputado diz acreditar que a divulgação dessa nota foi a maneira encontrada por ele para buscar uma saída “menos traumática” para o impasse da liderança.
Ele afirma que enxerga nesse movimento uma tentativa de pressionar Alcolumbre de desistir do nome de Juscelino para o cargo. Ele diz que, sem Juscelino, é possível construir uma candidatura de consenso para a liderança da bancada, liberando Pedro Lucas para o ministério.
Além disso, esse aliado diz que o atual líder não deve assumir um ministério se ele não tiver respaldo de sua própria bancada. Nesse sentido, o parlamentar busca o apoio coletivo para evitar qualquer desgaste nesse movimento.
Auxiliares do presidente da República também dizem enxergar na nota de Pedro Lucas um movimento para que ele consiga o apoio da bancada para assumir o ministério e pacificar o processo de sua sucessão na liderança.
De acordo com eles, esse é um roteiro que já estava previsto e foi por isso que o parlamentar pediu prazo para assumir o novo cargo. Eles minimizam que possa haver uma mudança na rota com ele optando por recuar de ingressar na Esplanada. As informações são do portal Folha de São Paulo.