Domingo, 10 de Agosto de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 9 de agosto de 2025
Em um vídeo publicado nas redes sociais, o deputado federal Marcos Pollon (PL-MS) declarou que, por ser autista, não entendeu o que estava acontecendo no momento em que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), tentava recuperar sua cadeira durante a sessão que pôs fim à obstrução ao Congresso, na quarta-feira. Ao lado do deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS), ele foi o último a deixar o local antes de Motta retomar o posto da presidência.
Pollon é um dos 14 congressistas alvos de uma denúncia encaminhada por Motta à Corregedoria da Câmara contra os deputados que participaram do motim que obstruiu o plenário por cerca de 30 horas. Caso a representação seja aprovada, os envolvidos poderão ter seus mandatos suspensos por até seis meses.
Na postagem, Pollon defende Van Hattem da acusação de que teria o incentivado a permanecer no lugar do presidente da Casa. “Estão dizendo que ele sentou na cadeira do Hugo Motta e que ele me incentivou a ficar lá. Isso é mentira. Olhem as imagens. Eu sou autista e não estava entendendo o que estava acontecendo naquele momento”, diz.
O parlamentar afirma que se sentou na cadeira de Motta para pedir uma orientação ao colega. Pollon alega ter ficado com dúvidas após o “rito de desocupação”, combinado previamente, não ter sido cumprido pelos parlamentares. “Nós desceríamos antes que o presidente à mesa subisse”, explica.
“Atribuem ao Marcel a ocupação das cadeiras da mesa. Não, Marcel estava lá como uma pessoa para dar suporte para um autista. Várias vezes, pelo vídeo que eu fiz, dá para ver eu não estava entendendo”, afirma.
No mesmo vídeo, Pollon também aborda que só sairia do local com um acordo voltado para as pessoas que estão “presas e torturadas” pelos atos golpistas:”deixei isso bem claro, só sairia dali quando nós tivéssemos uma resposta positiva para as vítimas do 8 de janeiro”.
No entanto, Van Hattem justificou de forma diferente, argumentando que resistiu por não ter sido avisado de que todos os membros da oposição que estavam na mesa do plenário tinham aceitado o acordo para finalizar a paralisação.
“Quando o Hugo Motta chegou à mesa, os deputados ainda estavam sendo informados do acordo firmado. Falei com o Pollon (PL-MS) que também não sabia de nada e decidimos ficar lá mais um tempo. Eu só aceitei sair depois que falei com Nikolas Ferreira (PL-MG) e o Zucco (PL-RS) que estavam costurando a tratativa com os outros líderes do PP, PSD e União Brasil”, disse.
Quebra de decoro
Em reunião, a Mesa Diretora da Câmara tratou do motim que obstruiu o plenário por cerca de 30 horas, entre terça e quarta-feira. Além dos parlamentares da oposição, a deputada Camila Jara (PT-MS), da base do governo e denunciada pelo PL por empurrar Nikolas Ferreira (PL-MG) no plenário, também terá o caso avaliado pela Corregedoria, mas não consta na listagem por não ser representada por obstruir os trabalhos.
Após ser comunicada, a Corregedoria da Câmara tem 48 horas para responder aos pedidos de suspensão de mandato. Se aprovada, a decisão vai para a Mesa Diretora, que encaminha ao Conselho de Ética — este tem três dias úteis para votar. Se não houver recurso ao plenário, a ação é confirmada.
A paralisação feita por bolsonaristas só teve fim na quarta-feira, cerca de duas horas depois do horário combinado previamente com Motta, que era de 20h30. Diante da falta de acordo, o chefe da Casa tentou retomar a sessão mesmo assim, mas enfrentou dificuldades para tomar seu lugar devido à obstrução bolsonarista.
Veja a lista de deputados que terão representações analisadas:
Zucco (PL-RS); Sóstenes Cavalcante (PL-RJ); Nikolas Ferreira (PL-MG); Allan Garces (PP-MA); Carol de Toni (PL-SC); Marco Feliciano (PL-SP); Domingos Sávio (PL-MG); Marcel Van Hattem (NOVO-RS); Zé Trovão (PL-SC); Bia Kicis (PL-DF); Carlos Jordy (PL-RJ); Paulo Bilynskyj (PL-SP); Marcos Pollon (PL-MS); Julia Zanatta (PL-SC)
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