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Por Redação Rádio Pampa | 10 de janeiro de 2022
Um deputado francês foi agredido por manifestantes antivacina no domingo (9), no território francês de Saint- Pierre-et-Miquelon, que fica no Oceano Atlântico perto do Canadá.
Stéphane Claireaux é do partido República em Marcha, o mesmo do presidente Emmanuel Macron, e foi agredido com pedras e algas quando discutia com um grupo em frente à sua própria casa.
“Obviamente, vou apresentar uma queixa legal”, afirmou Claireaux nesta segunda-feira (10). “Algumas pessoas acham que as decisões certas não estão sendo tomadas. Todos estamos recebendo ameaças de morte pelo correio, em algum momento isso tem que parar”.
A agressão ocorre em meio a recordes diários de casos de covid-19 na França , a uma declaração polêmica de Macron e a aprovação de um projeto do governo para instaurar o “passe da vacina”.
O projeto, que tornará a imunização obrigatória para a entrada em estabelecimentos como cafés e restaurantes, foi aprovado por deputados na última quinta-feira (6) por 214 votos a favor e 93 contrários. Votaram contra a proposta a extrema-direita e a extrema-esquerda.
Macron
Em meio à discussão sobre o passe da vacina, Macron deu uma entrevista polêmica ao jornal “Le Parisien, em que afirmou que queria “encher o saco” dos não vacinados, usando uma palavra considerada vulgar para um chefe de Estado (o verbo “emmerder”).
“Não vou prendê-los ou vaciná-los à força. Mas que fiquem sabendo que, a partir de 15 de janeiro, não vão mais poder ir ao restaurante, tomar um copo de vinho, um café, ir ao teatro, ao cinema”, disse Macron.
O presidente francês disse que quer tornar a vida das pessoas que se recusam a tomar os imunizantes tão complicada que elas terminarão se vacinando, e o uso da palavra “emmerder” foi interpretado como uma ação calculada, para ser usada na eleição presidencial deste ano.
Nesta segunda, Macron afirmou que a agressão a Claireaux é “intolerável” e “inaceitável” e falou em “intensificação da violência” contra políticos eleitos.
O próprio presidente francês foi agredido duas vezes recentemente: recebeu um tapa no rosto em junho e levou uma ovada em uma feira de gastronomia em setembro — mas o ovo não quebrou.
Políticos condenam
O líder do República em Marcha na Câmara, Christophe Castaner, condenou a “covardia perante um único homem, pacífico, indefeso, que se levantou, que saiu, que quis falar” e lembrou que, em 2021, foram registradas 322 ameaças a deputados.
A oposição a Macron também condenou o ataque, mas criticou a tensão criada pelo presidente francês com a sua polêmica entrevista e o chamou de “incendiário”.
“O presidente da República agiu como incendiário em seu discurso na semana passada, porque atacou pessoas não vacinadas, em vez de tentar convencê-las”, afirmou Valérie Pécresse candidata à Presidência pelo partido de direita Os Republicanos.
O deputado Éric Ciotti, do mesmo partido, pediu “sanções contra quem usa a violência de forma um tanto maluca, com argumentos delirantes”, mas também criticou as “provocações” de Macron, em busca de “conflito”, por motivos eleitorais.
O chefe do Partido Socialista, Olivier Faure, afirmou que “alguns antivacinas usam as provocações do presidente para justificar sua violência”, e o ecologista Julien Bayou disse que o ataque é “absolutamente inaceitável”.
Covid-19 na França
A declaração de Macron, a agressão ao deputado e o recorde de casos de covid-19, em meio à quinta onda da pandemia na França, causada pela variante ômicron, recolocaram a questão da saúde na linha de frente da campanha eleitoral.
A três meses do pleito, Macron lidera as pesquisas de intenção de voto, mas é seguido por candidatos de direita e de extrema-direita. Por isso analistas acreditam que o presidente quer impor o tema da covid-19 na campanha.
Diante da nova onda de casos, o ministro da Saúde francês, Olivier Véran, insistiu na semana passada que as vacinas contra a covid-19 são a melhor barreira conhecida até o momento.
Véran afirmou que os imunizantes “não impedem a contaminação, mas impedem o desenvolvimento do vírus se você for infectado” — “e, portanto, as formas graves [da doença]”. “Para cada paciente vacinado com a dose de reforço na UTI, há 20 pacientes não vacinados”.
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