Sábado, 20 de Setembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 20 de setembro de 2025
Deputados do PT entregaram à ONU (Organização das Nações Unidas) nessa sexta-feira (19), em Genebra, um dossiê detalhando o impacto das sobretaxas aplicadas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. Ele foi encaminhado à relatora especial da ONU sobre medidas coercitivas unilaterais, Alena Douhan.
Segundo o documento, assinado pelos deputados Reimont (PT-RJ), Tadeu Veneri (PT-PR) e Miguel Ângelo (PT-MG), a ação americana teria caráter “político-ideológico” e visaria pressionar o STF (Supremo Tribunal Federal) para livrar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) das acusações de golpe de Estado.
O tarifaço entrou em vigor em agosto de 2025, elevando alíquotas de 10% para até 50% sobre cerca de 10 mil códigos de produtos brasileiros. O resultado imediato, conforme dados do boletim Monitor de Comércio Brasil-EUA da Amcham que estão anexados no documento entregue, foi uma queda de 22,4% nas exportações afetadas em agosto, comparadas ao mesmo mês de 2024.
O impacto macroeconômico, segundo a Secretaria de Política Econômica, inclui perda de aproximadamente 65 mil empregos, retração de 0,1 ponto no PIB e aumento da inflação em 0,1 ponto percentual.
Além das tarifas, o dossiê detalha sanções individuais a membros do Judiciário e do governo. Entre elas estão a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes e a revogação dos vistos de outros magistrados da Corte e do procurador-geral da República, Paulo Gonet.
Além disso, os parlamentares apresentam o “Plano Brasil Soberano”, pacote do governo federal para proteger empregos e cadeias produtivas afetadas, com linhas de crédito, adiamento de tributos e compras públicas direcionadas.
Reimont pediu que a relatora avalie os efeitos sobre direitos humanos e recomende medidas de mitigação, reforçando que “a ação americana não ataca só a economia, mas direitos básicos da população”.
Exportação de alimentos
Em outra frente, um balanço da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA) registrou queda de US$ 300 milhões na exportação de alimentos industrializados em agosto, equivalente a redução de 4,8% em com comparação a julho.
Segundo o levantamento, as exportações somaram US$ 5,9 bilhões em agosto. Deste volume, US$ 332,7 milhões para os Estados Unidos, o que representa uma queda de 27,7% em relação a julho e de 19,9% na comparação com agosto de 2024.
O resultado reflete o aumento das tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros, além da antecipação dos embarques em julho antes da entrada em vigor da taxação.
Em julho, os EUA haviam importado US$ 460,1 milhões em alimentos industrializados do Brasil.
Os produtos mais afetados para os EUA foram açúcares (recuo de 69,5% em agosto na comparação com julho), proteínas animais (- 45,8%) e preparações alimentícias (- 37,5%).
O desempenho das exportações nos dois últimos meses evidencia uma inflexão clara: o crescimento expressivo de julho foi seguido por ajuste em agosto, sobretudo nos EUA, impactados pela nova tarifa, enquanto a China reforçou seu papel como mercado âncora”, analisa João Dornellas, presidente executivo da ABIA, em nota. Para o representante, a queda observada em agosto mostra que o país precisa diversificar seus parceiros comerciais e aumentar sua capacidade de negociação.
A queda para o mercado norte-americano coincidiu com um aumento substancial das vendas para o México, que comprou um total de US$ 221,15 milhões (3,8% do total), principalmente de proteínas animais.
“O avanço do México, que coincide com a retração das vendas aos Estados Unidos, indica um possível redirecionamento de fluxos e a abertura de novas rotas comerciais, movimento que ainda requer monitoramento para identificar se terá caráter estrutural ou apenas conjuntural”, explica a nota da associação. As informações são do jornal Folha de S.Paulo e da Agência Brasil.