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Por Redação Rádio Pampa | 25 de novembro de 2021
“Se viesse o lixo seco separado do molhado seria bem mais fácil. Às vezes, tem bastante resto de comida grudado, uma latinha no meio da comida, uma latinha no meio de fralda. Caco de vidro vem solto”. Essa é a realidade que Ana Paula da Silva Barbosa, recicladora da Unidade de Triagem Santíssima Trindade, em Porto Alegre, encontra no seu trabalho. “Eu sou mãe solteira, tenho criança pequena em casa e dependo desse trabalho para levar comida para eles. Para muitos a reciclagem não é nada, mas para as outras pessoas é tudo”.
Os materiais plásticos, como garrafas e outros resíduos, geram trabalho e renda para os quem atua com a reciclagem, como prevê a PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos. Mudanças simples de hábitos e rotinas, como separar em casa os resíduos secos dos orgânicos, podem ajudar essa cadeia a se desenvolver.
Dados de março do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) registram que, diariamente, são recolhidas 1.126 toneladas de resíduos nas residências de Porto Alegre. Desse volume, apenas 51 toneladas vão para a Coleta Seletiva, que existe na capital desde 1990. As mais de 1 mil toneladas restantes são formadas por resíduos orgânicos e rejeitos, porém, o DMLU calcula que nesse montante há 252 toneladas/dia com potencial reciclável. Mas como este material ficou misturado aos demais, também teve como destino final a Estação de Transbordo e, de lá, foi para o aterro sanitário de Minas do Leão.
Levantamento do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2020, realizado pela Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), mostra que a quantidade de resíduos sólidos urbanos destinados inadequadamente no Brasil cresceu 16% na última década. O montante passou de 25,3 milhões de toneladas por ano em 2010 para 29,4 milhões de toneladas/ano em 2019. A conscientização sobre a importância da reciclagem e do descarte adequado pode contribuir para a mudança de cenário.
“Aqui aprendemos diariamente o quanto faz bem para nós e para nossos filhos a separação do material que não polui a cidade. E esse material é revertido no nosso sustento, nos nossos mantimentos lá de casa. Então, muita coisa a gente aprende aqui todos os dias”, conta Líria Terezinha da Conceição Camargo, coordenadora da Associação de Reciclagem Rubem Berta, também de Porto Alegre. Ela destaca que informação é que faz a diferença. “O essencial é ter mais informação da separação por fases. Aqui a gente recebe material de todos os tipos. A gente aproveita muita coisa que vem do lixo, inclusive alimentos. Se vem fechada, a gente aproveita. Só que como vem muita coisa misturada, tipo mistura um alimento de cozinha com material do banheiro, com lixo de escritório.”
Líria considera que as escolas têm um papel importante nesse processo de transformação. “Acho que os colégios hoje podem mesmo começar com a separação dentro da sala de aula, ensinar o aluno como separar para chegar em casa e passar para os pais. Têm pais que não tiveram estudo, não têm a oportunidade de aprender isso também. Pode chegar em casa e falar para o pai como é que faz a separação, inclusive em qualquer lugar poderia ter esse ensino de separação, até mesmo no mercado de chegar ali e ter as lixeiras escrita ali direitinho qual a separação certa do seu material. Isso irá contribuir muito melhor para nós da reciclagem.”
Conscientização
Para sensibilizar a rede pública de ensino – e interessados no tema – sobre melhores práticas de reciclagem, como isso pode gerar renda e impactar o meio ambiente, repensar o descarte de resíduos, incentivando práticas sustentáveis, a Secretaria de Educação de Porto Alegre (SMED) convidou a Braskem e o Sindicato das Indústrias Plásticas do RS para promover o Reciclando Ideias.
Realizado em outubro, o evento mostrou como o descarte correto de resíduos e a separação correta podem gerar renda nas UTs. No RS existem mais de 100 recicladoras com cerca de 830 trabalhadores e o evento mostrou como o descarte correto de resíduos e a separação correta podem gerar renda nas UTs. “Para separar, é preciso dividir em três frações: os recicláveis, os orgânicos e os rejeitos, que são aqueles que colocamos na lixeira do banheiro, os contaminados. Depois, podemos ter duas lixeiras na cozinha. Uma onde a gente separa os restos de alimentos (orgânicos) e a outra para colocar os recicláveis. Quando a gente mistura esses dois, um acaba contaminando o outro e eu não consigo fazer a reciclagem desses materiais”, destaca a engenheira ambiental, sanitarista e especialista em logística reversa e gestão de resíduos sólidos e diretora geral do Instituto Equilátero, Vanessa Falcão.
A iniciativa também apresentou os mitos e verdades sobre o plástico e a importância de uma mudança de mentalidade através da economia circular, que também faz parte dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e Década das Nações Unidas da Restauração de Ecossistemas 2021-2030, metas criadas pela Organização das Nações Unidas (ONU). O Reciclando Ideias aconteceu em três edições e todas estão disponíveis no Youtube da Smed.
Descarte certo
Para facilitar este trabalho, é importante diferenciar os tipos de resíduos:
Resíduos Recicláveis:
Metais
Plásticos
Vidros
Papéis
Embalagens Longa Vida
Encaminhar à Coleta Seletiva
Resíduos Orgânicos Domiciliares:
Sobras de alimentos
Cascas de frutas
Erva-mate
Borra de café e chá
Corte de grama
Terra de vaso
Cinzas
Restos de Vegetação
Encaminhar aos Contêineres ou à Coleta Domiciliar.
Resíduos Comuns/Rejeito:
Papel carbono
Cigarro
Papel higiênico
Pó de varrição
Fraldas descartáveis
Guardanapos usados
Cotonetes
Esponjas
Encaminhar aos Contêineres ou à Coleta Domiciliar.
Fonte: DMLU
Assista o vídeo abaixo:
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