Quarta-feira, 02 de Julho de 2025

Home Economia Dirigente das Lojas Americanas diz que culpa pelo rombo foi de ex-diretores, mas eles pretendem contra-atacar

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Após o Conselho de Administração da Americanas e o atual CEO da empresa, Leonardo Coelho Pereira acusar a ex-diretoria da varejista de ser a responsável por fraudes bilionárias no balanço da empresa – que a levaram à recuperação judicial -, é aguardado um contra-ataque desse grupo.

Conforme informou o colunista do jornal O Globo Lauro Jardim, os acusados – Miguel Gutierrez, Anna Cristina Ramos Saicali, José Timótheo de Barros, Márcio Cruz Meirelles, Fábio da Silva Abrate, Flávia Carneiro e Marcelo da Silva Nunes – irão à Justiça tentar provar que o conselho sabia de tudo.

Os ex-diretores têm uma estratégia de defesa que os une, embora formalmente não será uma ação em conjunto.

Para pessoas a par do imbróglio, a publicação do fato relevante jogando a responsabilidade da crise sobre os ombros da ex-diretoria livra de culpa os conselhos Fiscal e de Administração, os acionistas de referência – Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira – e todas as instâncias de governança, como o comitê independente e as auditorias externas.

Verbas publicitárias

Os dados divulgados pela Americanas a respeito da fraude contábil relatada pelos administradores judiciais da companhia revelam detalhes que surpreendem até quem acompanhou outros casos famosos do varejo. Especialistas indicam que agora é possível afirmar que o rombo teve origem em verbas publicitárias tradicionalmente negociadas entre a indústria e o varejo.

Esse já foi o epicentro de outras fraudes no setor, mas desta vez a magnitude dos valores e a sofisticação para escondê-los são sem precedentes e mostram que até os números operacionais da companhia, e não só seu endividamento, eram mentirosos.

Nas negociações com os fornecedores, é comum haver um valor fechado para a venda de produtos e uma verba de publicidade que a indústria devolve para a companhia. Esses acordos envolvem negociação por espaços privilegiados nas gôndolas, anúncios nos corredores e outros detalhes de apresentação dos produtos.

Historicamente, porém, as varejistas computam essas verbas publicitárias antes que elas sejam recebidas de fato e, muitas vezes, as compras são canceladas e as verbas, que nunca haviam sido pagas, não são tiradas do balanço: viram um dinheiro de mentira.

Os assessores jurídicos da administração da empresa apresentaram ao conselho de administração em reunião na segunda-feira, 12, um relatório contendo achados preliminares sobre as inconsistências contábeis relatadas pela empresa em janeiro. O documento indica que houve fraude.

“Os documentos analisados indicam que as demonstrações financeiras da companhia vinham sendo fraudadas pela diretoria anterior da Americanas”, afirma a empresa em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Segundo o relatório, foram identificados diversos contratos de “verba de propaganda cooperada” (VPC, as verbas de publicidade), que teriam sido artificialmente criados para melhorar os resultados operacionais da companhia como redutores de custo, mas sem efetiva contratação com fornecedores.

“Esses lançamentos, feitos durante um significativo período, atingiram, em números preliminares e não auditados, o saldo de R$ 21,7 bilhões em 30 de setembro de 2022″, disse a varejista em comunicado ao mercado.

“É um rombo 20 vezes maior do que o que foi visto no Carrefour 13 anos atrás. O que surpreende”, disse Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).

O caso que o especialista relembra data de 2010 e envolveu R$ 1,2 bilhão em verbas publicitárias contabilizadas pela companhia, mas que nunca se concretizaram. No caso da Americanas, a extensão da fraude é bem maior e, por isso, precisou ser escondida de forma mais sofisticada.

Como as verbas publicitárias inexistentes melhoravam os resultados operacionais da companhia, mas não apareciam no caixa, a empresa teve de descontá-las de alguma forma. O comunicado da companhia indica que os números foram lançados majoritariamente na forma de “redutores da conta de fornecedores”, linha que indica o quanto a empresa paga para os fabricantes.

O saldo devedor da companhia nessa parte do balanço era de R$17,7 bilhões em 30 de setembro de 2022, mas o valor era abatido pelas verbas publicitárias mentirosas, que somavam R$ 21,7 bilhões. A diferença de R$ 4 bilhões teve como contrapartidas lançamentos contábeis em outras contas do ativo da empresa, diz a Americanas.

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