Segunda-feira, 09 de Junho de 2025

Home Mundo Divórcio político pode custar a Elon Musk seu império empresarial

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O que começou como um flerte do bilionário Elon Musk com o populismo de direita se transformou em um capítulo definidor — e potencialmente prejudicial — de sua carreira empresarial.

Ao endossar o movimento Make America Great Again (“faça os EUA grandes de novo”, em tradução livre) do presidente americano Donald Trump e partidos de extrema direita na Europa, Musk afastou uma grande parte da sua base original de consumidores, corroendo a marca, as vendas e a participação de mercado da Tesla ao redor do mundo. Depois veio a ruptura desta semana: um rompimento pessoal e público com Trump, que provocou ameaças de retaliação vindas de um homem com controle sobre o governo mais poderoso do planeta.

Ao queimar pontes simultaneamente com seus clientes e com o movimento político que financiou e amplificou por meses, Musk agora enfrenta uma rara convergência de ameaças: fidelidade a uma marca em colapso, receitas instáveis e riscos legais e regulatórios crescentes.

As vendas da Tesla Inc. já estão cambaleando sob o peso de uma carga política cada vez mais tóxica. A SpaceX, há muito vista como um ativo estratégico nacional, enfrenta novo escrutínio à medida que os ventos políticos mudam. E os primeiros sinais de recuperação no X — a aposta de US$ 44 bilhões (R$ 244,6 bilhões) de Musk na “liberdade de expressão” — alimentados pela proximidade de Musk com a Casa Branca e os dólares publicitários que vieram na esteira disso, podem em breve desaparecer.

— Elon não está agindo no interesse dos acionistas — disse Ross Gerber, CEO da Gerber Kawasaki, acionista da Tesla que vem reduzindo sua participação na empresa nos últimos anos.

Falando à Bloomberg Television na quinta-feira, enquanto a crise ainda se desenrolava, Gerber afirmou que o seu comportamento está levando ao “desmonte do império Musk em tempo real”.

Com inimigos em ambos os flancos, Musk se vê no centro de uma tempestade alimentada pela revolta de consumidores e pela hostilidade política.

— Ninguém da direita vai comprar um Tesla, ninguém da esquerda vai comprar um Tesla. Elon é um homem sem país — disse Steve Bannon, ex-conselheiro de Trump e crítico de longa data de Musk, em entrevista.

Bannon afirma que está “em conversas contínuas nos níveis mais altos” do governo Trump para pressionar pela revogação do acesso de Musk a informações sigilosas e para usar a Lei de Produção de Defesa a fim de confiscar a SpaceX e a Starlink, com o argumento de que são vitais à segurança nacional dos EUA.

Mesmo que Trump não adote medidas tão extremas, não faltam opções de retaliação por parte da Casa Branca. O presidente poderia acionar agências como a Comissão de Valores Mobiliários (SEC, na sigla em inglês), a Administração Nacional de Segurança no Tráfego Rodoviário (NHTSA) e a Administração Federal de Aviação (FAA) para causar danos reais — ou simplesmente um emaranhado regulatório — a todos os negócios de Musk e à fonte de sua fortuna.

Em apenas um dia, a briga entre Musk e Trump tirou US$ 34 bilhões (R$ 189 bilhões) do patrimônio pessoal de Musk — a segunda maior perda já registrada na História do Índice de Bilionários da Bloomberg, que acompanha os 500 mais ricos do mundo. A única perda maior foi sua própria queda em novembro de 2021. Na quinta-feira, a Tesla perdeu US$ 153 bilhões (R$ 850,7 bilhões) em valor de mercado, com as ações se recuperando parcialmente na sexta após Musk começar a recuar.

Musk já enfrentou momentos difíceis antes. Há anos, críticos preveem seu colapso iminente — apenas para serem desmentidos pelo homem mais rico do mundo, cuja legião de fãs e financiadores continua disposta a apostar fortunas em seus projetos.

O caso mais famoso foi quando a Tesla flertou com a falência, apenas para dar a volta por cima e se tornar a maior vendedora de veículos elétricos do mundo. A compra do Twitter (rebatizado por ele de X) por US$ 44 bilhões (R$ 244,6 bilhões) foi amplamente criticada, com dívidas encalhadas nos balanços dos bancos, mas essas perspectivas mudaram com a eleição de Trump.

— Musk tem o hábito de caminhar à beira da destruição e voltar atrás no último segundo — disse Nancy Tengler, cuja gestora tem 3,5% do portfólio de crescimento investido em ações da Tesla, em entrevista à Bloomberg Television nesta sexta-feira.

Tengler, CEO e diretora de investimentos da Laffer Tengler Investments, disse que sua empresa vinha comprando ações da Tesla nos últimos meses, mas agora está com a “posição cheia”.

— Ele precisa diminuir a retórica e o drama e voltar a focar nos negócios — afirmou, ressaltando que investidores compram ações da Tesla pelo crescimento, não pelas “histerias”.

Para conseguir uma virada desta vez, Musk vai precisar convencer consumidores a voltarem a comprar seus veículos elétricos num ritmo mais acelerado — revertendo a dolorosa queda nas vendas nos EUA, Europa e outros mercados globais.

Ele também terá que atrair passageiros para seu novo serviço de robotáxis em Austin, enquanto a empresa aposta alto em inteligência artificial, robótica e direção autônoma. As informações são portal O Globo.

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