Domingo, 28 de Setembro de 2025

Home Mundo Documentos indicam que a Rússia está treinando a China a se preparar para um ataque a Taiwan

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O jornal Washington Post obteve documentos que mostram que a Rússia concordou em equipar e treinar paraquedistas do Exército da China e compartilhar sua expertise em lançamento aéreo de veículos blindados sobre o campo de batalha.

O acordo foi sacramentado na negociação para a venda de armas de Moscou para Pequim no ano passado. Analistas acreditam que esse know-how pode ampliar a capacidade chinesa de ocupar militarmente Taiwan, em caso de uma futura invasão à ilha de governo autônomo, considerada pela China uma província rebelde.

Segundo analistas militares, com o acordo, Pequim terá acesso a treinamento e tecnologia em uma das poucas áreas na qual Moscou ainda supera o Exército chinês. Tropas de paraquedistas russos são mais experientes e testadas no campo de batalha que as do aliado asiático.

O documento de 800 páginas — obtido pelo grupo hacktivista Black Moon — foi verificado independentemente pelo centro de estudos britânico Royal United Services Institute (Rusi) e revisados pelo Post.

Os papéis mostram a Rússia concordando em outubro de 2024 em vender 37 veículos leves anfíbios BMD-4M, 11 canhões autopropulsados antitanque Sprut-SDM1, 11 portadores de tropas blindados aerotransportados BTR-MDM à Força Aérea chinesa.

O contrato principal de fornecimento de equipamento — que tinha um valor provisório de US$ 584 milhões (R$ 3,1 bilhões) antes de ser finalizado — também incluiu a transferência de vários veículos de comando e sistemas de paraquedas projetados para lançamento aéreo de cargas pesadas de grandes altitudes.

Documentos adicionais mostram várias rodadas de negociações, incluindo uma reunião em Pequim em abril de 2024, na qual o lado chinês solicitou a Moscou que acelerasse o cronograma de entrega de veículos, incluísse documentação técnica do armamento e o adaptasse para torná-lo compatível com sistemas chineses de software, comunicação e navegação.

Outros documentos também mostram programas de treinamento para paraquedistas chineses em armas e sistemas de comando por especialistas russos, primeiro na Rússia e, posteriormente, na China.

Segundo o think tank britânico, o treinamento e as transferências de tecnologia dariam à força aérea chinesa uma capacidade de manobra aérea expandida, que oferece opções ofensivas contra Taiwan, Filipinas e outros países do sul da Ásia.

O Kremlin não respondeu a um pedido de comentário sobre o acordo. Da mesma forma, nem o Ministério da Defesa da China nem os contratantes de defesa estatais envolvidos nos acordos responderam aos pedidos de comentário.

Experiência 

O acordos mostram como Pequim está simultaneamente aproveitando a expertise de combate russa e sua aliança com o presidente Vladimir Putin para avançar no esforço do líder chinês, Xi Jinping, de construir um exército moderno com capacidades que combinem ou superem as dos Estados Unidos.

China e Rússia também parecem estar desenvolvendo sistemas militares interoperáveis e compartilhando experiência de combates críticas para serem usadas em uma batalha por Taiwan.

Segundo analistas, o nível complexo de cooperação entre Rússia e China também destaca uma fraqueza nos esforços dos Estados Unidos em tirar recursos da defesa da Ucrânia e Europa para priorizar seu foco na contenção da China.

“É um exemplo muito bom de como os russos se tornaram um facilitador para os chineses, tornando os desafios de segurança dos dois países quase impossíveis de separar”, disse Jack Watling, pesquisador sênior para guerra terrestre na Rusi.

“Em uma futura guerra por Taiwan, o fornecimento russo de petróleo, gás e outros recursos naturais — e sua grande indústria de defesa — poderiam se tornar apoio estratégico para a China”, acrescentou Watling, coautor do relatório publicado na sexta-feira (26).

Embora o Exército chinês seja amplamente visto como superior ao da Rússia, ele ainda está atrás de Moscou em experiência e capacidades de combate aerotransportado e manobra aérea, que a Rússia tem empregado na Ucrânia e utilizou recentemente na Síria.

Ataque

Segundo analistas, um eventual ataque a Taiwan, pela natureza insular do país, dependeria de manobras anfíbias e aerotransportadas, além de ser logisticamente arriscada.

“Planejadores chineses consideram unidades pequenas, bem equipadas, entregues por helicóptero ou avião absolutamente essenciais em seus planos para entregar milhares de tropas a Taiwan nas primeiras horas de um conflito”, disse Lyle Goldstein, especialista nas militares chinesa e russa na Universidade Brown.

Mesmo com seu poder de fogo muito superior, uma tomada total de Taiwan seria um movimento complexo e arriscado para um Exército chinês com pouca experiência de batalha.

Para ter sucesso, a China precisaria entregar centenas de milhares de tropas para o pequeno número de locais de desembarque adequados ao longo das costas da ilha — tudo enquanto detém ou derrota uma potencial intervenção dos EUA.

“Eles estudaram o Dia D de trás para frente e de cabeça para baixo e perceberam que teria falhado sem um componente aerotransportado”, disse Goldstein, que está escrevendo um livro sobre os laços militares China-Rússia. (Com informações de O Estado de S. Paulo)

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