Quinta-feira, 07 de Agosto de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 6 de agosto de 2025
O dólar fechou em forte queda de 0,77% nesta quarta-feira (6), cotado a R$ 5,463, com os investidores focados na entrada em vigor da tarifa de 50% dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros e em possíveis reações do governo Lula (PT) à medida.
A desvalorização fez a moeda americana atingir o menor valor desde 8 de julho, quando o presidente dos EUA, Donald Trump, estendeu o prazo para parceiros firmarem acordos comerciais.
Já a Bolsa fechou em disparada de 1,04%, a 134.537 pontos. A alta do Ibovespa acompanhou as ações da Raia Drogasil, que subiram até 18% ao longo do dia, após a RD Saúde, dona das redes de farmácias, ter um crescimento de 13% no lucro do 2º trimestre.
Tarifaço
A sobretaxa de 50% imposta por Donald Trump a exportações brasileiras para o mercado americano entrou em vigor à 1h01 (horário do Brasil) dessa quarta. A tarifa atinge 36% dos produtos exportados pelo Brasil aos EUA e inclui itens como máquinas agrícolas, carnes e café.
Entretanto, graças a cerca de 700 exceções previstas no decreto, 43% do valor de itens brasileiros exportados para o país escaparam das novas alíquotas.
O governo Lula acionou os Estados Unidos na OMC (Organização Mundial do Comércio) nessa quarta em reação às tarifas estabelecidas por Trump. O chamado pedido de consulta foi entregue na missão dos EUA junto à organização.
Apesar da alta probabilidade de não ter efeito prático, já que a consulta precisa ser aceita pelos americanos e a última instância da organização está paralisada, o movimento é visto no Palácio do Planalto como um gesto simbólico importante para marcar posição do Brasil em defesa do multilateralismo.
Desde abril, o país já sofria uma sobretaxa de 10% imposta pelos EUA. No mês passado, Trump adicionou mais 40% devido a questões políticas por meio de um decreto.
O texto do decreto menciona diretamente o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que é réu em inquérito que apura tentativa de golpe em 2022. A Casa Branca afirmou, à época, que a medida visava “lidar com ameaças incomuns e extraordinárias à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos”.
Para Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, a entrada em vigor do tarifaço já estava precificado pelos agentes do mercado. “As tarifas têm pouco impacto econômico [no mercado do dia]. A gente está mais de olho nos desdobramentos políticos e na possibilidade de o Brasil retaliar, gerando pressões inflacionárias internamente”.
Segundo Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, “o ambiente de negócios não é pessimista, mas sim de cautela” nesta quarta.
“Os cenários mais pessimistas [do tarifaço] foram afastados, porque não serão todos os produtos brasileiros que vão sofrer um choque tarifário, o que diminui o impacto total sobre a economia”, afirma.
Prisão de Bolsonaro
O mercado também permanece atento ao impacto econômico da prisão prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Há um subsequente temor de uma escalada tarifária entre os EUA e o Brasil por conta do episódio.
Réu em processo sobre a trama golpista no final de seu governo, Bolsonaro teve a prisão decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), na última segunda-feira (4).
O magistrado afirmou que o ex-presidente descumpriu determinação anterior ao aparecer em vídeos exibidos por apoiadores durante manifestações no domingo (3).
Integrantes do governo Lula (PT) admitiram, sob reservas, a possibilidade de a decretação da prisão domiciliar de Bolsonaro irritar o presidente Trump e intensificar as sanções anunciadas por ele contra o Brasil —até o momento, nenhuma tarifa adicional foi anunciada. As informações são da Folha de S. Paulo
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