Segunda-feira, 17 de Novembro de 2025
Por Redação Rádio Pampa | 16 de novembro de 2025
Se você voltou recentemente à sua rotina de exercícios e se esforçou ao máximo, seu corpo está cobrando seu preço quando você acorda: você tem dificuldade para se alongar, subir escadas ou até mesmo rir sem sentir uma dor aguda nos músculos. Enquanto uma parte de você se sente satisfeita – “Devo ter feito algo certo!” – outra parte começa a se preocupar: essa dor é normal?
A dor incômoda que surge um ou dois dias após o treino, que pode variar de um leve formigamento a uma rigidez intensa, é a linguagem codificada do seu corpo. Essa sensação pode, sem dúvida, ser um simples sinal de adaptação e progresso ou, ao contrário, o primeiro aviso de que algo não está certo.
A dificuldade está em saber distingui-los, pois nem todo desconforto significa progresso, nem toda dor intensa implica lesão. Portanto, aprender a realmente ouvir o seu corpo é a chave para evitar lesões, frustrações e pausas desnecessárias no seu caminho para o bem-estar.
Dores musculares
Se você sentir seus músculos rígidos, sensíveis ou com uma dor aguda que aparece um ou dois dias depois de um treino, é provável que você esteja sofrendo de DOMS, também conhecida como makurki ou dor muscular de início tardio (“delayed onset muscle soreness”). Segundo Vladimir Medina, professor de medicina humana da Universidade Científica do Sul, ao jornal El Comercio, esse fenômeno é definido como mialgia pós-esforço tardia, que geralmente se manifesta entre 18 e 48 horas após um exercício físico incomum e de alta intensidade.
Basicamente, ela se origina de microlesões nas miofibrilas — as fibras que compõem o músculo — e danos ao sarcômero, a unidade básica da contração muscular. Essas pequenas lesões desencadeiam um processo inflamatório e a liberação de mediadores químicos que sensibilizam as terminações nervosas, gerando o desconforto característico.
“A dor ocorre principalmente quando realizamos movimentos excêntricos, ou seja, quando o músculo se alonga sob tensão [como ao baixar um peso ou descer uma ladeira]. Esse tipo de esforço produz microlesões que causam inflamação e liberação de substâncias como as prostaglandinas, que estimulam as terminações nervosas e causam dor”, acrescentou Pedro Tacuchi, especialista em Medicina Física e Reabilitação dos Centros Médicos MAPFRE.
No entanto, ao contrário da crença popular, como alertou Moisés Palti, cirurgião ortopédico da Clínica Internacional, em Lima, sentir músculos doloridos nem sempre é sinônimo de um bom treino. “É um erro pensar que quanto mais dói, melhor você treinou.” É importante saber que, embora a dor possa indicar que o corpo foi submetido a um estímulo novo ou mais intenso, também pode ser um sinal de esforço excessivo ou overtraining.
“Um bom treino é medido pela melhora progressiva, não pelo grau de dor subsequente. Na verdade, você pode treinar com eficácia sem nunca sentir DOMS.”
Dor ou lesão?
A diferença pode parecer sutil à primeira vista, mas há sinais claros que ajudam a diferenciá-las. Como mencionou Dominic King, especialista em medicina esportiva da Cleveland Clinic, a DMIT é caracterizada por uma dor difusa, leve a moderada, que geralmente afeta grandes grupos musculares bilateralmente e surge horas após o exercício. Ela também melhora com o movimento e não é acompanhada de inflamação visível ou perda significativa de força — apenas uma sensação de rigidez ou desconforto nos músculos mais trabalhados.
Uma lesão muscular, por outro lado, tem um padrão completamente diferente, pois a dor é localizada em um ponto específico do músculo ou articulação e geralmente aparece imediatamente ou logo após o esforço físico. Muitas vezes, pode ser acompanhada de inchaço, hematomas e dificuldade para movimentar ou apoiar o peso no músculo afetado. Nesses casos, a força costuma diminuir e o desconforto não melhora com o movimento, mas pode piorar.
Fique atento
Há “sinais de alerta” que indicam uma possível lesão e exigem a interrupção imediata do treino. Entre eles, estão:
• Dor repentina e lancinante durante o exercício,
• Hematomas visíveis ou inchaço excessivo,
• Incapacidade de mover ou sustentar o músculo afetado,
• Formigamento, perda de força ou quaisquer sintomas neurológicos,
• Dor no peito ou dificuldade para respirar.
Caso a dor persista por mais de 72 horas, seja acompanhada de perda de força ou limitação da mobilidade, é importante consultar um especialista para uma avaliação médica e, se necessário, realizar exames de imagem como ultrassom ou ressonância magnética. As informações são de O Globo.